Aécio, Dilma e Marina representam essa mesma política que privilegia banqueiros e empreiteiras

Nesta terça, 19, começa o horário eleitoral gratuito no rádio e televisão. É quando, para muitos, começa de fato a campanha eleitoral. Mostrando o caráter profundamente antidemocrático desse processo, a candidata à reeleição, Dilma Rousseff, terá mais de 11 minutos, seguido por Aécio Neves, com quatro minutos e meio. O candidato do PSTU, Zé Maria, terá, por sua vez, apenas 45 segundos para apresentar sua candidatura e o programa do partido.

O início da campanha na TV começa a menos de uma semana do trágico acidente que tirou a vida do candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos. A morte do ex-governador de Pernambuco embaralhou completamente o cenário eleitoral, que caminhava para uma disputa polarizada entre o PT e o PSDB, se as eleições fossem para o segundo turno.

Com a entrada de Marina Silva em cena, tudo indica que a disputa irá para o segundo turno. A candidata filiada ao PSB para concorrer nessas eleições, já que o seu Rede não conseguiu legalização em tempo hábil, está sendo apontada como uma terceira via à polarização entre o PT e o PSDB. Marina Silva seria, assim, a expressão do ‘novo’ na política, a cara das manifestações de junho. Mas seria mesmo assim?

Que PT e PSDB representam essencialmente a mesma política é uma compreensão cada vez mais comum. Foi um dos aspectos das Jornadas de Junho, que expressou a repulsa aos políticos e às instituições de forma generalizada. Foi por isso ainda que Dilma sofreu, nesse período, um severo desgaste que, ao mesmo tempo, não se refletiu em transferência de intenção de votos para o PSDB. Ou seja, as pessoas não aprovam a candidata do PT, mas muito menos querem a volta da direita tradicional ao poder.

Quem é Marina?
Marina Silva, nesse contexto, aparece como uma cara nova, distante dos políticos tradicionais. Seu prestígio parte de sua trajetória política e pessoal, que guarda muita semelhança com a de Lula, e o seu discurso ambiental. Nas próprias manifestações que sacudiram o país em junho passado, Marina aparecia com destaque nas pesquisas para presidente.

Mas Marina representa as reivindicações colocadas pelas ruas? Apesar de a candidata estar sendo insuflada como a novidade nessas eleições, atraindo boa parte das pessoas descontentes com a política, ela representa o mesmo programa colocado aí pelas duas outras candidaturas.

Nem mesmo um programa ambiental coerente a candidata representa. Como ministra do meio ambiente do governo Lula, cargo que ocupou de 2003 a 2008, foi liberado o cultivo de sementes transgênicas no país. Sua gestão também atacou órgãos federais como o Ibama, que foi desmembrada e esvaziado para facilitar a concessão de licenças ambientais às grandes obras.

Um dos maiores ataques do período que esteve à frente do meio ambiente, contudo, foi a Lei de Gestão de Florestas Públicas que, na prática, aluga as florestas para a exploração privada. É a privatização de florestas inteiras para os lucros do setor privado. Esse é o significado da ‘ecologia sustentável’ que Marina defende, uma forma de colocar os recursos naturais à disposição do capitalismo.

Já o programa de governo encabeçado pela candidata segue a linha neoliberal que ela já apresentou nas eleições em 2010. Na época, Marina se cercou de economistas de mercado para defender medidas como a autonomia do Banco Central. Agora não é diferente. O principal elaborador do atual programa de governo do PSB, o economista Eduardo Giannetti, afirmou que “há uma forte convergência” entre o PSDB e o PSB. Sem meias palavras, ele defende “ajustes duros que restabeleçam a confiança”, referindo-se a cortes no Orçamento e aumento nas tarifas de energia elétrica e gasolina.

Não é por menos que Marina tem por trás o apoio da Natura e do Itaú. Seu programa de governo não só não vai dar conta das necessidades e reivindicações colocadas nas ruas em junho, como aprofundar os problemas que levaram milhões às ruas. Com o ajuste fiscal, vai piorar a situação dos serviços públicos, e com o reajuste da gasolina o transporte público vai aumentar, assim como a inflação em geral.

Terceira via só operária e socialista
Tanto Aécio quanto Dilma e Marina representam, com poucas nuances, a mesma política que vem sendo levada a cabo há anos nesse país. Todos representam uma política econômica que privilegia banqueiros, empresas e empreiteiras e, por isso, não vão trazer qualquer tipo de mudança. Pelo contrário, esses candidatos já tem programado uma lista de ataques para 2015, tão logo sentem na cadeira de presente.

A única forma de mudar de fato e atender as reivindicações de junho, e também das greves que se sucederam após as mobilizações de rua, é através de uma outra política econômica, que rompa os bancos e empresas. Ou seja, que pare de pagar a dívida interna e externa aos agiotas internacionais (que representa hoje quase metade do Orçamento Federal), e invista maciçamente em saúde, educação e transporte públicos. Que reestatize as empresas privatizadas, anule os leilões do petróleo e se comprometa com uma Petrobras 100% estatal.

Uma terceira via à falsa polarização entre PT e PSDB teria que ser necessariamente uma alternativa dos trabalhadores, sem banqueiros ou patrões. É isso que a candidatura Zé Maria e Cláudia Durans apresenta.

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