Foto: Erick Dau

Congresso reafirma ANEL como alternativa independente e combativa para o movimento estudantil

Foi com muito entusiasmo e animação que teve início, na manhã desse dia 30 de maio, o 2º  Congresso Nacional da ANEL, a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre, em Juiz de Fora (MG). O credenciamento ainda não havia terminado, mas eram esperados cerca de 1800 estudantes de todo o país para o congresso que vai até o dia 2 de junho, domingo.

Contraponto ao congresso da UNE, que ocorre neste momento em Goiânia (GO), o congresso da ANEL expressa um movimento estudantil independente do governo e alinhado às lutas atuais dos estudantes e trabalhadores. A composição da mesa de abertura refletia esse caráter da entidade, contando com a representação de entidades como a CSP-Conlutas, a Fasubra, Andes, Sinasefe, Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), Federação Nacional dos Petroleiros e do líder seringueiro do Acre, Osmarino Amâncio, contemporâneo e companheiro de Chico Mendes.

"No congresso da UNE está Mercadante, mas aqui, ao contrário, estão todos aqueles que construíram a grande greve de 2012 e os representantes da classe trabalhadora", afirmou Clara Saraiva pela Secretaria Executiva Nacional da ANEL. Ela reafirmou a independência do congresso e da ANEL. "A UNE discute lá a aprovação do Estatuto da Juventude em troca do monopólio da carteirinha da meia-entrada, mas nós aqui, na ANEL, reafirmamos que a meia-entrada é um direito que não se vende e pelo qual vamos lutar".

Ressaltando um dos principais pontos na abertura do congresso, a luta em defesa da soberania nacional e contra as privatizações levadas a cabo pelo governo Dilma, inclusive a entrega do petróleo às multinacionais, Clara desmascarou a proposta da UNE de investir os royalties do petróleo na educação como forma de resolver os problemas do setor. "A UNE está dizendo que os royalties vão salvar a educação, mas sabemos que eles não representarão nem 1% do PIB", disse. "Nós, ao contrário, lutamos pelos 10% do PIB para a educação já e isso pressupõe também uma luta em defesa da soberania e contra a entrega de nosso petróleo, por isso os estudantes estão junto com os petroleiros por uma Petrobrás 100% estatal".

Clara lembrou ainda do caráter internacionalista da ANEL, que apoiou ativamente as revoluções da juventude árabe contra ditaduras como a de Mubarak no Egito e que hoje está ao lado da juventude síria contra a ditadura Assad, e saudou a presença de dois jovens da União dos Estudantes Livres da Síria no congresso.

"Acabou o monopólio da UNE no movimento estudantil, há hoje dois congressos acontecendo, mas apenas um vai armar a luta dos estudantes para o próximo período", finalizou.

União operária e estudantil

Os representantes da CSP-Conlutas, do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, do Andes e da Fasubra, ressaltaram a importância da unidade entre trabalhadores e a juventude. Tanto nas lutas específicas da educação como em relação às lutas gerais da classe trabalhadora.

Claiton Coffi, da Federação Nacional dos Petroleiros, reafirmou a importância da luta contra a privatização do petróleo e a sua entrega às multinacionais e o papel da juventude nisso. "OS EUA invadem o Iraque, Afeganistão e ocupa o Oriente Médio para se apossarem do petróleo e, no Brasil, Dilma promove o maior leilão da história, maior do que os da época de FHC, para o Brasil exportar petróleo para alimentar o imperialismo, que mata e explora ao redor do mundo", afirmou. "Os petroleiros e a Anel estarão juntos na luta por uma Petrobrás 100% estatal , controlada pelos trabalhadores e a serviço da soberania do país", disse Coffi.

Já Osmarino Amâncio, histórico dirigente seringueiro, falou sobre a necessidade da união entre estudantes e os povos da floresta contra o agronegócio e o chamado "capitalismo verde" e seus representantes.

Aqui está a juventude que não se vendeu

A abertura do congresso teve ainda a participação da vereadora do PSTU de Natal (RN), Amanda Gurgel, que saudou o congresso em nome do partido. "Essa mesa de abertura já simboliza o que vai ser esse congresso, um congresso que reflete as lutas dos seringueiros do Acre aos revolucionários da Síria, e isso não há no congresso da UNE", disse, lembrando que falava com propriedade pois, há 10 anos, ela estava em um congresso da UNE como estudante.

"Eu só tenho uma palavra para definir o que estou sentindo aqui: muito orgulho por essa juventude que está escrevendo a história em nosso país", finalizou, sendo aplaudida de pé pelos estudantes.

LEIA MAIS