Estudantes queimam pneus em Porto Alegre

Protestos tomam conta da cidade por dois diasApós semanas de mobilizações contra o aumento da passagem de ônibus, o prefeito homologou o reajuste. O novo valor – R$ 1,75, seis centavos a menos do que na proposta original – passou a valer no último domingo, 13 de março.

A aprovação foi feita numa “reunião-surpresa” do COMTU (Conselho Municipal de Transporte Urbano), marcada às escondidas, logo após a realização de um grande ato, que contou com a participação de mais de mil pessoas. Das entidades que fazem parte do conselho, a UMESPA (União Municipal de Estudantes de Porto Alegre) votou a favor do aumento, atacando aqueles que deveria estar defendendo. A CUT sequer esteve presente na reunião. Essa omissão significa, na prática, um voto a favor dos empresários. Durante o processo de luta anterior ao aumento, a UNE e a UBES não moveram um dedo pela mobilização.

O movimento, organizado no Comitê de Luta contra o Aumento da Passagem, não se calou e promoveu vários atos desde segunda-feira, primeiro dia útil após o aumento. Os estudantes e trabalhadores, exigindo a revogação do aumento e o direito ao passe-livre, trancaram ruas e corredores de ônibus da cidade. Em vários pontos, pneus foram incendiados, como em frente ao colégio Júlio de Castilhos, um dos mais tradicionais de Porto Alegre.

É claro que não poderia faltar a repressão. Na terça-feira, às 10h, vários pontos da cidade foram trancados simultaneamente. Numa das manifestações, três estudantes foram presos. Isso demonstra que a polícia está ao lado da burguesia e do que são capazes os empresários para defender a sua propriedade e seus lucros.

Farinha do mesmo saco
Em todo o período das manifestações, a Coordenação de Lutas dos Estudantes (Conlute) fez questão de relacionar o aumento como parte de uma política já aplicada no governo petista. Isso se expressou na palavra de ordem ‘É o Fogaça. Foi o PT. Outro aumento eu não aguento’, que foi capa do jornal O Sul, na sexta-feira, 11.