Capa do livro
Divulgação

Publicado pela primeira vez no Brasil em 1980, Sexo contra sexo ou classe contra classe ganha merecida reedição. A autora Evelyn Reed vivenciou as grandes manifestações de mulheres na década de 1970 nos Estados Unidos. Mas não é somente a ação militante de Evelyn que torna os seus textos uma ferramenta poderosa para a luta pela liberação das mulheres contra o machismo crescente da sociedade capitalista e decadente.

Antropóloga e marxista, a autora mergulha fundo na explicação da origem da opressão e derruba um a um os mitos sobre a inferioridade do sexo feminino. Ela demonstra que as mulheres não podem ser consideradas o segundo sexo e que são totalmente falsas as idéias que a apresentam como um ser oprimido desde sempre.

Ela vai buscar as raízes da opressão na pré-história. Na obra, fica claro que, na maior parte do tempo em que a humanidade existe, as mulheres não apenas não eram oprimidas, como desempenhavam papel preponderante no período do matriarcado. As relações sociais, culturais e sexuais eram igualitárias.

Evelyn demonstra que, além da opressão da mulher ter aparecido junto com a monogamia, ela é fruto da sociedade de classes: nasceu com a exploração, a propriedade privada, o Estado e a família. É, portanto produto social e histórico e não natural, biológico ou divino. É no sistema capitalista que a mulher é mais degradada e oprimida. A idéia de que a mulher estaria realmente se libertando nessa sociedade, apesar de todas as reformas conquistadas com muita luta, é falsa.

Por outro lado, o livro representa um grande sopro de ar fresco na atmosfera poluída pelos estudos de gênero, impregnados pela reacionária pós-modernidade acadêmica e pelas ideologias burguesas que, propagadas pelas ONGs, têm sufocado a luta de liberação das mulheres, buscando aprisioná-la ao sistema capitalista, ao Estado, ao mercado e aos monopólios e desviá-la do seu caminho realmente libertador, da sua unidade com os homens trabalhadores na luta pelo socialismo.

Especialmente a partir dos anos 1990, houve uma dispersão e uma flagrante institucionalização dos movimentos de mulheres. Isso pode ser identificado no crescimento das ONGs ditas feministas, organizações supostamente não-governamentais, financiadas por governos, pelo aparelho de Estado, empresas, bancos e, inclusive, organismos internacionais e imperialistas.

Tais organizações e suas falsas idéias reduzem a luta contra a opressão a uma luta por reformas nos limites da sociedade capitalista. Muitas teorias tentam conduzi-la a uma guerra de sexos.

Mas, como afirma Evelyn Reed, “a luta pela liberação das mulheres é inseparável da luta pelo socialismo. (…) A luta de classes é um movimento de oposição, não de adaptação. (…) A subjugação das mulheres caminhou lado a lado com a dominação das massas trabalhadoras pela classe dos homens patrões. (…) As mulheres pobres são torturadas, ao mesmo tempo, pela obrigação de cuidar dos filhos e da casa, e de trabalhar fora para contribuir no sustento da família. As mulheres, portanto, foram condenadas a seu estado de opressão pelas mesmas forças e relações sociais que levaram à opressão de uma classe sobre outra, de uma raça sobre outra, de uma nação sobre outra. E o sistema capitalista – o estágio maior de desenvolvimento da sociedade de classes – a fonte principal da degradação e opressão das mulheres.(…) quem são os melhores aliados das mulheres no combate por sua liberação? As esposas dos banqueiros, dos generais, dos advogados abastados, dos grandes industriais, os trabalhadores negros e brancos que lutam por sua própria liberação?”.

Este livro leva a perguntar qual é a relação entre a luta pela liberação das mulheres e a luta pelo socialismo. Ao contrário do stalinismo, demonstra que a luta contra todas as opressões tem tudo a ver com a luta contra toda a exploração e pelo socialismo.

Afirma a autora: “(…) mesmo que os objetivos últimos da liberação das mulheres não possam ser alcançados antes da revolução socialista, isso não significa que a luta por reformas deva ser postergada até a hora final. (…) Por que as mulheres devem levar a cabo sua luta pela liberação se, em última instância, para a vitória da revolução socialista será necessária a ofensiva de toda a classe trabalhadora?”

“A razão disso, é que nenhum setor oprimido da sociedade (…) pode confiar a outras forças a direção e o desenvolvimento de sua luta pela liberdade – ainda que essas forças se comportem como aliadas. Rechaçamos a posição de alguns grupos políticos que se dizem marxistas, mas que não reconhecem que as mulheres devem dirigir e organizar a luta por sua emancipação, da mesma forma que não chegam a compreender porque os negros devem fazer o mesmo.”

Num momento em que o proletariado dá sinais de luta e reentrada em cena, em que vivenciamos mais uma crise capitalista no mundo e que as mulheres trabalhadoras, duplamente oprimidas e superexploradas sob o capitalismo, começam a se reorganizar em nosso país, como demonstrou o I Encontro de Mulheres da Conlutas, que reuniu mais de mil mulheres, a publicação deste livro, mais do que oportuna, é uma necessidade.

  • Sexo contra sexo ou classe contra classe
    Evelyn Reed
    ISBN:978-85-99156-41-4 | 144 pp.
    R$ 10,00

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