O comandante da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah), o general brasileiro Urano Teixeira da Matta Bacellar, foi encontrado morto em seu hotel na manhã do último dia 7 de janeiro na capital Porto Príncipe. Apesar das investigações ainda não terem sido concluídas, e da clara disposição, tanto da ONU quanto do governo brasileiro de omitir e falsear informações, tudo leva a crer que o general brasileiro se suicidou.

O comandante da Minustah teria se matado com um tiro na boca, em meio a cada vez maior resistência haitiana à ocupação militar no país. O chanceler Celso Amorim negou que o militar brasileiro houvesse cometido suicídio, apesar de todas as evidências indicarem o contrário. Tentando desesperadamente apontar uma outra hipótese que não o suicídio, o governo brasileiro e a alta cúpula do Exército fizeram uma reunião de emergência no próprio dia 7 e articularam uma missão para “investigar” as causas da morte.

Enquanto a própria ONU já considerava o caso resolvido e preparava a liberação do corpo do general, o embaixador brasileiro no país, Paulo Cordeiro Andrade Pinto não permitiu que o cadáver de Bacellar fosse transladado ao Brasil. Apesar das informações desencontradas lançadas pelo governo brasileiro, militares próximos ao general dão conta que o comandante estava tenso devido à crescente resistência haitiana à ocupação.

Cresce o atoleiro
O suicídio do comandante militar das tropas invasoras na Haiti confirma o atoleiro em que patina os soldados da Minustah, composta por 7.500 soldados de 14 países, sob a liderança do Brasil. As eleições convocadas para dar uma aura de legalidade ao governo títere no país foram inúmeras vezes adiadas, ao mesmo tempo em que as tropas invasoras sofrem denúncias diárias de abusos, assassinatos e toda sorte de desrespeito aos direitos humanos. Os próprios soldados do Brasil, que mantém um contingente de 1.200 soldados no Haiti, foram acusados de envolvimento direto em chacinas cometidas nas regiões pobres da capital Porto Príncipe.

A ocupação do Haiti é a face mais visível da política pró-imperialista levada a cabo pelo governo Lula. No entanto, essa submissão aos ditames do império cobra agora sua fatura. Assim como ocorre com as tropas dos EUA no Iraque, a missão brasileira no Haiti sofre constante desgaste entre a população do país e o crescimento da resistência. O suicídio do comandante joga novas luzes ao que ocorre de fato no país, uma vez que a realidade do Haiti é desconhecida pelo mundo, que enxerga apenas a versão contada pelos EUA e suas tropas subordinadas, co-lideradas pelo Brasil.

Novas eleições
A solução encontrada pelo Império para resolver mais essa crise também não difere de sua política para o Iraque. Novas eleições presidenciais e parlamentares foram marcadas para o dia 7 de fevereiro. A pressa desesperada para as eleições, porém, não deve amenizar a ação dos grupos armados no Haiti à ocupação estrangeira, da mesma forma que as eleições fraudadas no Iraque não contiveram a resistência à ocupação ianque.