O governo Lula despertou uma enorme expectativa, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Afinal de contas, a ascensão de um líder operário ao governo de um país da importância do Brasil poderia apontar para uma luta contra a dominação imperialista em uma base completamente nova.

Isso poderia mudar o continente por dois motivos fundamentais. O primeiro é que a eleição de Lula coincidiu com a crise do neoliberalismo e uma série de lutas na América Latina, que levou à derrubada de governos de direita por insurreições na Argentina, no Equador e na Bolívia, assim como a eleição de governos de “esquerda”, como o de Lúcio Gutierrez (Equador) e o de Chávez (Venezuela), e, mais recentemente, o de Tabaré Vázquez (Uruguai). Esperava-se que Lula liderasse uma frente contra a Alca e o FMI.

O segundo motivo é que o Brasil tem uma importância particular na dominação imperialista na América Latina. É a maior economia, a maior população e o maior país da região. Cumpre, porém, um papel duplo: é submetido e colonizado pelo imperialismo, e cumpre uma tarefa subimperialista, ao oprimir e explorar países menores do continente.

Uma ruptura real do governo Lula com essa dominação, seria de uma importância descomunal para todo o continente. Nós alertávamos, contudo, que isso não se daria, e que Lula seria um aliado de Bush. Polemizamos com a esquerda petista, que reconhece que Palocci aplica uma política neoliberal, mas caracteriza a política externa brasileira como “progressista”.

Passados dois anos, a realidade deu-nos razão. Hoje, o Brasil cumpre seu papel subimperialista agindo com mais influência e eficácia em prol do imperialismo, porque tem Lula à sua frente e pode dialogar com amplos setores do movimento de massa.

Lula atuou em defesa das multinacionais na crise revolucionária da Bolívia, negou-se a apoiar a moratória ultratímida de Kirchner na Argentina, colocou o Sivam (defesa aérea da Amazônia) para bloquear as fronteiras brasileiras às FARC’s, pressiona Chávez para um acordo com o imperialismo, faz de tudo para retomar as negociações da Alca, e colocou tropas, sob ordens dos EUA, ocupando o Haiti.
Não é por acaso que Condoleeza Rice, secretária de Estado de Bush, afirma que Lula é um “exemplo para o mundo”.

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