Ato unificado em apoio à greve neste dia 18 no Rio de Janeiro
Redação

É hora de cercar de solidariedade a greve dos petroleiros e unificar as lutas

Quando a greve nacional dos petroleiros entrava em seu 18º dia, já sendo a maior greve da categoria desde 1995 e com uma tendência de crescimento e solidariedade cada vez maior por parte de outros trabalhadores e da população, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarou o movimento “ilegal e abusivo”.

A decisão do ministro Ives Gandra, um ferrenho defensor da reforma trabalhista, liberada nesta segunda-feira, autoriza a direção da Petrobrás a aplicar “eventuais sanções disciplinares” aos grevistas. O ministro acusou os petroleiros de terem “motivação política”, e impôs multas diárias de R$ 250 mil a R$ 500 mil aos sindicatos envolvidos na greve. Ainda determinou a manutenção de 90% da categoria em atividade para “garantir o abastecimento de combustíveis à população e a manutenção dos equipamentos”.

A Justiça, assim, ataca o direito de greve dos petroleiros, unindo-se à direção da empresa, que assedia moralmente os trabalhadores e exerce todo o tipo de pressão para acabar com o movimento. O Ministério Público do Trabalho chegou a pedir a prisão do gerente-geral da Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC) por manter os petroleiros em greve em cárcere privado. O diretor da empresa confinou um grupo de petroleiros na unidade por mais de 140 horas, um trabalhador chegou a ficar 254 horas “preso”.

Neste dia 17 a Polícia Militar reprimiu de forma violenta uma manifestação de petroleiros e apoiadores no Porto de Santos, no litoral paulista, detendo o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos, Alexsandro Viviani.

A decisão do TST reafirma liminar já expedida anteriormente pelo tribunal e mantida pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. E vem justamente num momento em que a greve atinge 21 mil petroleiros de mais de 120 unidades de todo o país. Movimento que angaria ainda cada vez mais apoio, como o dos caminhoneiros que devem paralisar nesta quarta-feira, 19.

Em defesa do direito de greve

A decisão de Gandra e Toffoli reafirmam o caráter dessa Justiça e é um ataque ao direito de greve e mobilização dos trabalhadores. A determinação de manter 90% do efetivo trabalhando para, supostamente, não prejudicar a população, chega a ser cínica. O que vem prejudicando o povo, sobretudo os mais pobres, é a privatização e a política de preços do governo e da Petrobrás, de atrelar as tarifas ao mercado internacional, aumentando o combustível e o gás de cozinha para enriquecer meia dúzia de investidores estrangeiros.

É essa política entreguista que faz com que, embora o Brasil seja um dos maiores produtores de gás e petróleo do mundo, inúmeras famílias sejam obrigadas a cozinhar a lenha. Da mesma forma, outro problema que prejudica a população é o desemprego, algo que o governo e a direção da Petrobrás querem piorar ao fechar a fábrica de Fertilizantes de Araucária (PR), Fafen, colocando na rua mil trabalhadores.

O Tribunal Superior do Trabalho, assim, se revela como um “tribunal do capital”, servindo aos interesses dos grandes banqueiros que hoje detém a maior parte da Petrobrás, e do governo entreguista de Bolsonaro.

Solidariedade e unificação das lutas

Nem a retaliação da Justiça e do governo, ou a repressão da polícia, ou mesmo o boicote descarado da imprensa, porém, estão conseguindo parar os petroleiros. A greve, ao contrário, vem ganhando a simpatia da população, que percebe que a privatização e a política desse governo se refletem nos preços do combustível e do gás, e que essa luta é, na verdade, uma luta de toda a classe trabalhadora e pela própria soberania do país.

Além dos caminhoneiros, outras categorias estão em luta, inclusive contra a privatização como é o caso dos trabalhadores da Casa da Moeda, Dataprev e dos Correios. No próximo dia 18 de março os servidores públicos têm indicativo de greve geral.

É hora de unificar as lutas em defesa de uma Petrobrás 100% estatal, sob o controle dos trabalhadores, que funcione e produza de acordo com os interesses da população e não dos investidores estrangeiros da Bolsa de Nova Iorque.

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