Com o entusiasmado apoio da grande imprensa, que alardeou o crescimento como sendo um resultado da política recessiva, o governo sentiu-se à vontade para aumentar ainda mais o aperto no orçamento. Elevou a meta de superávit para 4,5% e aumentou os juros para 16,75%. De janeiro a setembro de 2004, o governo economizou quase R$ 70 bilhões. O Tesouro Nacional espera ter uma sobra de R$ 75,5 bilhões até o fim deste ano.

O que vem por aí

Até agosto de 2004, o governo Lula havia pago R$ 50 bilhões em juros e investido apenas R$ 1,7 bilhão. No entanto, com a deterioração da capacidade de investimento, o governo vê-se numa encruzilhada. Nem todo investimento se refere às áreas sociais, estas já foram completamente abandonadas.

Os investimentos estatais também são utilizados para aumentar ainda mais os lucros dos fazendeiros agroexportadores, com a construção e ampliação de infra-estrutura para escoar a produção. Para resolver os baixos investimentos estatais, o governo prepara a PPP, o Projeto de Parceria Público-Privada. Contrata empresas privadas para a realização de grandes obras de infra-estrutura, abre mão do processo de licitação e garante ao investidor retorno financeiro. Se a empresa tiver prejuízo, ele será coberto com dinheiro público, que até garantirá o lucro do investimento. O governo poderá continuar pagando juros extorsivos e abastecendo o mercado externo com produtos agropecuários.

O governo Lula aprofunda, desta forma, o processo de recolonização do Brasil. Para se aliar ao mecanismo da dívida externa, o governo brasileiro negocia com o recém-reeleito Bush a implementação da Alca, que imporá a dominação direta sobre o país, sem intermediários.
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