No último dia 18, soldados da ONU mataram mais um haitiano, durante o funeral de um sacerdote no Haiti. O funeral era de Gerard Jean-Juste, um aliado próximo do presidente exilado Jean-Bertrand Aristide, e logo se transformou em protesto contra a presença de tropas estrangeiras no Haiti.

Os manifestantes enfrentaram soldados da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), liderada pelo Brasil. Testemunhas disseram que alguns protestantes tinham jogado pedras em soldados da ONU. A resposta dos soldados veio com tiros de fuzil que causaram pânico e acabaram matando uma pessoa em meio a uma piscina de sangue.

“Era nosso irmão e o mataram”, disse uma testemunha que viu o tiroteio. Outros manifestantes afirmam que homem foi “abatido por soldados brasileiros da Minustah”.

Quando perceberam que uma pessoa havia morrido, os manifestantes começaram a quebrar janelas de carros e edifícios. Quatro pessoas pegaram o corpo da vítima e o colocaram diante do palácio presidencial haitiano.

“O papel da Minustah é de justamente reprimir os trabalhadores e todos aqueles que se levantam contra o projeto de colonização do Haiti”, disse Carole Pierre Paul-Jacob, integrante de uma delegação de trabalhadores haitianos que está no Brasil para denunciar a ocupação militar.

Para ela, o assassinato do dia 18 é mais uma das brutais ações realizadas pelos soldados da ONU no país. Ela lembrou que a quatro semanas dos protestos dirigidos por estudantes e trabalhadores a favor de um aumento no salário mínimo no Haiti e contra a ocupação militar da ONU foram reprimidos pelos soldados. Uma universidade foi invadida e dois estudantes foram mortos pela ação repressora da Minustah.

O Brasil tem 1.200 soldados dos 7 mil da Minustah. Segundo o Ministério da Defesa do Brasil, o país gastou cerca de R$ 577 milhões durante os cinco anos de atuação no Haiti.

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