Redação

Por PSTU

Nesta quinta-feira, 24/01, o deputado federal eleito três vezes consecutivas pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys, anunciou na imprensa que vai abrir mão do novo mandato. Em férias fora do Brasil, ele afirma que sequer voltará para o país e seguirá a partir de agora uma carreira acadêmica. O motivo são as diversas ameaças de morte que tem sofrido antes e depois do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, ele relatou que chegou no seu limite e que não quer arriscar a vida enfrentando um presidente homofóbico e seu filho, também eleito pelo RJ, para o senado.

Sempre tivemos diferenças estratégicas, programáticas e políticas importantes com Jean Wyllys. Desde o fato de sua participação e saída milionária do programa machista, racista e homofóbico da Globo, BBB, até se tornar figura pública do PSOL. Mas, por óbvio, repudiamos todas as ameaças LGBTfóbicas e da cúpula e militância Bolsonarista que, como fica evidente no episódio Flávio Bolsonaro, têm vínculos com milícias. Também repudiamos os deboches explícitos dos políticos, partidos e movimentos de direita como o MBL que, tanto quanto o presidente e seu filho, aprofundam ainda mais a exploração e a opressão do povo pobre e trabalhador.

Não é por acaso que uma liderança do movimento LGBT é perseguida. Assim como não foi por acaso o assassinato de Marielle que, prestes a completar um ano, não revelou ainda os mandantes, nem seus assassinos.

Temos acordo com Jean na defesa dos direitos  das LGBTs que, por sinal, são a maioria da base social que o elegeu por enxergar no deputado uma expressão importante na luta contra a opressão, principalmente pelo fato de ele ter sido o primeiro deputado assumidamente gay eleito ao congresso, além dos projetos que apresentou durante duas gestões no parlamento.
Mas criticamos duramente seu apoio aos governos de conciliação de classes do PT que alimentou a crença do povo na democracia burguesa, inclusive, seu apoio explícito à Dilma, mesmo vendo sua negociação com a bancada evangélica, o arquivamento do PL 122 que criminalizava a homofobia e o engavetamento do Kit Anti-homofobia, fortalecendo dessa forma a política de retrocesso dos direitos LGBTs que hoje impera no governo ultradireitista de Bolsonaro e sua turma.

Fomos críticos também ao apoio que Jean deu ao Estado Sionista de Israel, que pratica limpeza étnica na palestina. No entanto, achamos que toda e qualquer ameaça dirigida à vida dele deve ser repudiada pelo conjunto do movimento dos trabalhadores, dos setores oprimidos, LGBTs, mulheres e todos os setores democráticos. Defendemos, inclusive, a autodefesa das mulheres, do povo negro, indígena e LGBTs, tendo em vista a necessidade de combater a violência contra si.

Agora, em relação à renúncia ao seu terceiro mandato em função de tais ameaças, respeitamos a posição pessoal de Jean Wyllys . Mas sua renúncia é um caminho completamente errado. Faz com que os setores ultrarreacionários achem que são capazes de nos calar. Por mais que o deputado tenha deixado o cargo para seu suplente David Miranda, também militante da causa LGBT e morador da periferia, sua saída nesse momento pode ser considerada por muitos como uma derrota do movimento ao qual ele representa.

Neste momento, precisamos honrar a memória de Marielle Franco exigindo que seu assassinato seja apurado e os criminosos punidos e mostrando que é possível derrotar nas ruas os setores reacionários. Lutemos até o fim pela profunda investigação de Flavio Bolsonaro e seus amigos milicianos. Exijamos a prisão dos executores e mandantes do assassinato de Marielle! Contrária à atitude de Jean Wyllys, chamamos todos e todas a lutar. As ameaças de LGBTfóbicos, milicianos e da ultradireita Bolsonarista não passarão!

Marielle presente!✊🏽