Um desejo de mudança corre o mundo. A imposição dos planos neoliberais está levando à rejeição dos governos que os sustentam.

Os estudantes franceses mostraram como se pode, com as lutas diretas, enfrentar esses planos e mudar um país. Com dois meses de gigantescas mobilizações, aliados aos trabalhadores, derrotaram o governo Villepin e seu Contrato de Primeiro Emprego. Com isso estão bloqueando ou retardando as mudanças neoliberais que a burguesia francesa quer impor no país, para enfrentar a concorrência imperialista.

Pela via distorcida das eleições, o desejo de mudanças levou a vitória de alternativas de centro-esquerda nas eleições do Peru (Ollanta Humala, ganhou o primeiro turno, mas vai disputar o segundo) e Itália (Romano Prodi). No entanto, esses governos eleitos, de “oposição ao neoliberalismo”, uma vez no poder, se transformam nos mais aplicados alunos do neoliberalismo, como Lula.

É esse clima de mudança que é necessário trazer ao país. Aqui, a falta de uma alternativa ainda joga água ao moinho do governo Lula. Apesar do enorme desgaste causado pela crise política e a queda de Palocci, Lula ainda mantém um apoio de massas para seu governo, pelo medo de um setor importante dos trabalhadores de ver a “volta da direita”.

Todo o esforço da oposição burguesa em capitalizar a queda de Palocci não surtiu efeito: as pesquisas eleitorais indicam uma queda na candidatura Alckmin (3%), maior que a de Lula (2%). Vai se mantendo no país a falsa polarização eleitoral entre o PT e o PSDDB-PFL, a garantia de que nenhuma mudança chegará ao país.
Lula é um corrupto. As evidências são de que Palocci utilizou o aparato de Estado, a Polícia Federal, a Caixa Econômica Federal, para tentar incriminar um caseiro. Márcio Thomas Bastos, ministro da Justiça, foi seu cúmplice na tentativa de abafamento do caso. Lula não pode alegar, mais uma vez, que não sabia das ações dos dois.

Alckmin é um corrupto. Tinha um esquema com a Nossa Caixa, muito semelhante ao valerioduto. Sua esposa recebeu 400 vestidos “de presente” de um estilista.
Lula e Alckmin patrocinam o acordão no Congresso para salvar da cassação os deputados implicados no mensalão. Apenas três deputados foram cassados, depois de uma crise política gigantesca.

Lula e Alckmin se esforçam para conseguir o apoio das grandes empresas e do imperialismo. Alckmin por representar os partidos tradicionais da direita. Lula por ser o líder do governo mais pró-banqueiro da história.

Garotinho está tentando aparecer como uma terceira via, mas é, na verdade, apenas mais uma fraude. Seu governo no Rio de Janeiro é um exemplo de corrupção, muito parecido o de Lula e os governos do PSDB-PFL. Não apresenta nenhuma alternativa aos planos neoliberais.

Nem Lula, nem Alckmin! É necessário construir uma alternativa dos trabalhadores, para as lutas e para as eleições. Todo apoio às lutas dos trabalhadores, em especial a luta dos professores de todo o país.

Nem Lula, nem Alckmin! Por uma Frente de Esquerda, Classista e Socialista nas eleições de outubro, com o PSOL, PSTU, PCB e ativistas independentes. A candidatura de Heloísa Helena deve estar a serviço da construção dessa frente. O classismo deve estar presente nas candidaturas, com um candidato a vice-presidente deve ser um operário e liderança de greves.

Todos ao Conat, congresso histórico dos trabalhadores, para fundar uma nova entidade de luta dos trabalhadores.

Post author Editorial do jornal Opinião Socialista 254
Publication Date