Suspensão das demissões pela Justiça não é definitiva. É preciso seguir mobilizando pela reintegração dos que foram demitidosNo dia 19 de fevereiro, a Embraer, uma das maiores fabricantes de aviões do mundo, anunciou a demissão de 4.270 funcionários. A grande maioria na fábrica de São José dos Campos (SP). A justificativa da empresa para a demissão em massa foi a crise econômica internacional e a queda nos pedidos para 2009. A Embraer, porém, nada disse sobre os crescentes lucros conquistados nos últimos anos à custa de financiamento bilionário do governo, através do BNDES. E há provas de que a empresa perdeu dinheiro mesmo na especulação financeira (página 9).

Diante das demissões, o sindicato impulsionou mobilizações e convocou uma ampla unidade em defesa do emprego. A luta da categoria conquistou, no dia 27 de fevereiro, uma liminar suspendendo as demissões até o dia 5 de março, data da audiência de conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Mesmo sendo uma vitória parcial, a medida mostra que as demissões não são fato consumado e que é possível derrotá-las.

Os cortes e as mobilizações na Embraer nos deixam várias lições: o nefasto papel cumprido pelo governo e pela CUT, a necessidade de uma direção combativa e, principalmente, a importância da luta contra as demissões.

Em dia de protestos, Justiça cancela demissões. Centrais fazem ato e exigem reintegração
No dia 27, data marcada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, a Conlutas e diversas centrais para protestar contra as demissões na Embraer, o Tribunal Regional do Trabalho de Campinas concedeu liminar suspendendo todas as demissões realizadas desde o dia 19. A liminar foi pedida pelos sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à Conlutas, e de Botucatu, filiado à Força Sindical.

Na ação judicial, as entidades argumentam que a Embraer ignorou os sindicatos e não estabeleceu nenhuma negociação antes de oficializar a demissão em massa. Também foi usado como argumento o alto índice de lucratividade da Embraer, que não precisaria demitir para enfrentar eventuais crises financeiras.

Os demitidos souberam da notícia enquanto se reuniam no sindicato, em assembléia logo pela manhã. Após comemorarem a suspensão, saíram em passeata pelas ruas da cidade. A decisão, porém, não representa a reintegração definitiva, valendo até 5 de março, data da audiência de conciliação entre os sindicatos e a Embraer.
Já à tarde, representantes de seis centrais foram à portaria da empresa comemorar a decisão da Justiça e apontar a continuidade das mobilizações. Mesmo sob a chuva que teimava em cair em São José dos Campos, o ato reuniu cerca de 400 ativistas da Conlutas, Força Sindical, Intersindical, CTB, UGT e Nova Central Sindical. A CUT foi a grande ausente, tendo sua presença limitada a poucos cabos eleitorais da chapa com que disputa as eleições do sindicato.

Zé Maria, da Conlutas, denunciou os benefícios do governo às empresas, enquanto os trabalhadores amargam demissões e têm direitos retirados. “Até agora o governo deu R$ 300 bilhões às empresas para elas demitirem. O que exigimos aqui é que o governo tome uma medida concreta para proibir as demissões. Não aceitamos o que o governo disse à Embraer, que não há nada o que fazer”, disse.

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