Servidores comemoram desfiliação
Yara Fernandes

Congresso vitorioso passa por cima das direções e aprova desfiliação da CUT, discussão de alternativa na base e luta contra o PAC de conjuntoO maior sindicato da base da Condsef está fora da CUT. Nos dias 13, 14 e 15 de abril, os servidores presentes ao 9º Congresso do Sintrasef (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Estado do Rio de Janeiro) desfiliaram a entidade da CUT. O congresso ocorreu na cidade de Cachoeiras de Macacu (RJ) e contou com a presença de 263 delegados, fazendo deste o maior congresso do sindicato.

Foram 127 votos favoráveis à ruptura imediata com a central chapa-branca e 117 votos para que fosse feita uma consulta direta à base sobre ruptura com a CUT, além de três abstenções. De fato, não houve quem defendesse a CUT. Mesmo o secretário geral da Condsef e dirigente do Sintrasef, Josemilton Maurício da Costa, se limitou a fazer o debate sobre a legitimidade do congresso para deliberar sobre o assunto, ainda que na Confederação este dirigente sempre tenha expressado posicionamentos governistas e de defesa da CUT.

Entretanto, o sentimento da base e dos delegados pela ruptura ficou claro já nos debates dos grupos de discussão no dia 14. A deliberação pegou de surpresa os governistas que dirigem o sindicato e a Condsef. Se até o início do Congresso, das sete teses apresentadas, apenas duas teses minoritárias defendiam a ruptura, no domingo a deliberação foi comemorada pela maioria do plenário.

“Quando estivermos lutando aqui em defesa do direito de greve, contra o PAC, essa central vai estar em Brasília defendendo a regulamentação. Este congresso tem uma tarefa histórica que é dizer que aqueles pelegos que estão lá em Brasília não falam em nosso nome!”, afirmou Patrick Galba, servidor do INPI que assina a tese “Luta servidor, muda Sintrasef!” e militante do PSTU, ao defender a proposta de ruptura na plenária final.

Os dirigentes do Sintrasef que defenderam a consulta à base, Josemilton e Victor Madeira, ao final de suas falas ouviram grande parte dos presentes repetirem em coro “Governista! Governista!” e “Vendido! Vendido!”. Ao final da votação, os servidores presentes comemoravam e cantavam o refrão “Romper com a CUT já, o Sintrasef é pra lutar!”.

O Sindsef-SP (Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal do Estado de São Paulo), que é filiado à Conlutas e foi o primeiro da categoria a romper com a CUT, esteve no Congresso apoiando a tese “Luta servidor, muda Sintrasef!”. Foram três diretoras, duas são também da diretoria da Condsef. No entanto, apesar de ter sido solicitada a presença deste sindicato com antecedência e de o Congresso ter contado com a presença de diversos convidados, vários dirigentes do Sintrasef deixaram claro que o sindicato de São Paulo estava desconvidado. A hostilidade chegou a ponto de a diretora do Sindsef-SP e militante do PSTU, Beth Lima, ser ameaçada violentamente por uma das diretoras do Sintrasef-RJ.

Nada disso impediu que os servidores federais do Rio de Janeiro tirassem sua entidade das garras da CUT. A aprovação foi uma grande vitória da categoria, passando por cima da vontade da maioria das direções do Sintrasef e da Condsef. Este é o maior sindicato da base da Condsef (o sindicato do próprio secretário geral da Condsef) e, também, um dos maiores sindicatos do Rio de Janeiro, com quase 30 mil servidores filiados. A ruptura com a CUT no Rio é um fato político que pode influenciar os servidores públicos federais e seus sindicatos em todo o país.

O Congresso também aprovou abrir um debate na base da categoria sobre a alternativa à CUT, com a realização de um plebiscito em 2008 para decidir sobre isso. Foi aprovado um plano de lutas, que inclui o calendário indicado pelo Encontro Nacional do dia 25 de março, bem como o posicionamento de oposição de esquerda ao governo Lula. A luta contra o PAC de conjunto foi uma deliberação importante, já que a maioria da direção da Condsef em sua última plenária defendia a luta contra apenas a parte dele que prejudica os servidores.