Nem burocracia, nem truculência impedem que categoria rompa com central pelegaEm Alagoas, ocorre um processo que se observa em todo o país. Diversos sindicatos de diferentes categorias estão rompendo com a CUT, buscando uma alternativa de organização. Tais rupturas expressam um irreversível desgaste da central na base das categorias, tal como uma profunda revolta do conjunto dos trabalhadores com o governo Lula.

CUT e Polícia impedem assembléia
A onda de desfiliações foi deflagrada pelo Sindjus, o Sindicato dos Servidores do Judiciário no estado que, no fim de 2005, deliberou em congresso romper com a CUT. O sindicato decidiu procurar outras entidades locais para realizar um movimento conjunto de ruptura.

A direção do Sintsep-AL, sindicato que representa os servidores federais de Alagoas, resolveu então realizar uma assembléia para colocar o tema em votação. No entanto, em 3 de dezembro, quando mais de 600 servidores se reuniam para participar da assembléia, um ex-diretor do sindicato ligado à CUT apareceu com uma ação cautelar para impedi-la. Policiais fortemente armados foram chamados para debelar a assembléia, demonstrando a covardia e o desrespeito da central governista com os
trabalhadores.

Desfiliação em massa
Tal atitude provocou ainda mais revolta na base da categoria, repercutindo nacionalmente. O sindicato marcou então uma nova assembléia para 23 de dezembro, convidando diversas entidades que expressaram solidariedade com os servidores. Na assembléia, além das entidades locais, estiveram presentes o Sindsef-SP, Sindicato Paulista dos Servidores Federais, além do Sindicato de Petroleiros de Sergipe/Alagoas, dos servidores municipais de Recife (Simpere), além de representantes das oposições dos sindicatos de federais de Sergipe e Pernambuco. A CUT não enviou representante. Apesar de ter sido realizado às vésperas do Natal e do Reveillon, a assembléia contou com a presença de 412 servidores, que deliberaram por unanimidade a desfiliação da CUT. A assembléia foi marcada por críticas ao governo Lula e à posição chapa-branca da central de Marinho. No fim da votação, toda a assembléia entoava: “Fora CUT!”.

Alternativa
Após o Sindjus e o Sintsep-AL, o Sindicato da Polícia Federal (Sindpofal), e o Sindicato dos Servidores Municipais de São Miguel dos Campos também decidiram romper com a CUT. Na manhã de 31 de janeiro, as entidades realizaram uma entrevista coletiva e logo em seguida formalizaram as desfiliações na sede da CUT. Em comunicado unificado à imprensa, Sindjus, Sindpofal, Sintsef-AL e os Municipais de São Miguel dos Campos apontam a necessidade da construção de uma alternativa à CUT. “Será sobre os escombros de uma central sindical outrora de luta e hoje incorporada ao projeto neoliberal que construiremos a verdadeira alternativa de esquerda e de luta!”, afirma a nota.
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