A Federação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (Fenam), que reúne cerca de 40% dos sindicatos de metalúrgicos cutistas, está em Campanha Salarial de Emergência, reivindicando reposição da inflação de novembro a fevereiro, 10,36%, redução da jornada para 36 horas semanais sem redução do salário e gatilho salarial a cada 3% de inflação.

Os metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas e Limeira já realizaram assembléias na maioria das fábricas e farão manifestações no dia 3 de abril, na avenida Paulista, quando entregarão a pauta de reivindicações na Fiesp.

Em Minas Gerais, já foram realizadas assembléias e a pauta de reivindicações foi entregue à Fiemig no último dia 24. No dia 3 de abril, os metalúrgicos mineiros realizarão ato em frente à Fiemig, unindo-se à mobilização de São Paulo.
Os metalúrgicos de Pernambuco e do Ceará realizarão assembléias na próxima semana. Os do Rio Grande do Sul também estão em campanha salarial na sua data-base.
A Executiva Nacional da CUT aprovou a realização da Campanha de Emergência. Entretanto, os sindicatos vinculados à Confederação dos Metalúrgicos da CUT (CNM) estão contra e a Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT de São Paulo (FEM), comandada pela Articulação, votou formalmente contra a mesma. Luiz Marinho, presidente do Sindicato do ABC e candidato a presidente da CUT, declarou ser contra reivindicar reajuste porque “gera inflação”.

A Fenam foi criada justamente porque se tornou impossível realizar nos marcos da CNM e da FEM lutas e inúmeras negociações comuns com a patronal, já que ambas entidades aceitavam e apresentavam em suas pautas a redução de direitos, como banco de horas e flexibilização. Agora, não se dispõem sequer a reivindicar a reposição do confisco inflacionário ocorrido nestes meses.

Após o dia 3 de abril, os metalúrgicos da Fenam intensificarão o processo de mobilização com assembléias, atrasos nas entradas de turno e até greve.
Para o presidente do Sindicato de São José dos Campos, Luiz Carlos Prates, o Mancha, é preciso intensificar a campanha e envolver outras categorias, pois a inflação atinge todos os trabalhadores. “A CUT aprovou a campanha, mas até agora não houve envolvimento dos outros sindicatos. Muitas lideranças, inclusive, estão usando o discurso de FHC de que aumento de salário gera inflação. Ano passado isso foi usado pelos patrões. Não deram aumento real e mesmo assim a inflação disparou. Os trabalhadores foram prejudicados. Está mais do que na hora de mudar isso”, disse Mancha.

Segundo Mancha, os metalúrgicos da CUT em mobilização pela Campanha Salarial de Emergência se posicionarão pelo Plebiscito Oficial sobre a Alca em 2003 e contra a reforma da Previdência, colocando-se ao lado do funcionalismo.

Em relação à mobilização iniciada pelos metalúrgicos de São Paulo, sob a condução da Força Sindical, Mancha diz que “os metalúrgicos de São Paulo devem ter todo o apoio em sua greve e à reivindicação de reajuste contra a Fiesp e a patronal, e em torno a esta reivindicação devemos buscar unir todos na luta. Mas, ao mesmo tempo, os trabalhadores não devem depositar confiança na Força Sindical e ficar vigilantes no sentido de que a luta pela reposição vá até o final e também para não permitir que, de contrabando, essa central aceite ou proponha redução de direitos. A Força não merece confiança, porque é uma central que se construiu financiada por empresários e defende a flexibilização de direitos sociais e trabalhistas, vide o seu apoio ao contrato temporário de trabalho, à reforma da Previdência e outras medidas neoliberais contra a classe trabalhadora.”
Post author Jocilene Chagas,
de São José dos Campos (SP)
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