Passeata de metalúrgicos da GM, em São José dos Campos, em 2013
Foto: Sindmetal-SJC

Empresa demitiu centenas no final do ano, fechou o setor MVA e não fez investimentos acordados para garantir postos de trabalho

Representantes do Sindicato dos metalúrgicos de São José dos Campos vai se reunir com o ministro do Trabalho, Manoel Dias, em Brasília, na próxima segunda, 6. O encontro tem como objetivo cobrar uma posição do governo diante das demissões ocorridas na GM no final do ano. A entidade também vai levar ao Planalto a exigência dos trabalhadores de estabilidade no emprego.

Segundo nota do Sindmetal-SJC, um pedido de reunião com a presidente Dilma Rousseff (PT) também foi protocolado na última semana, mas ainda não houve resposta. Por isso, os representantes sindicais também irão à “Secretaria Geral da Presidência onde tentarão ser recebidos pela presidente para cobrar sua intervenção direta no caso”.

Nesta sexta-feira, 3, representantes do sindicato também se reuniram com o secretário estadual do Emprego e Relações de Trabalho, Tadeu Morais. Eles discutiram a demissão em massa GM e cobraram uma posição do governo estadual contra a atitude da montadora. O sindicato também pediu que o governo ajude a cobrar da direção da GM os investimentos de R$2,5 bilhões na planta de São José dos Campos. Em junho, foi assinado um acordo para que a montadora trouxesse investimentos da ordem de R$ 2,5 bilhões, o que geraria 2.500 empregos diretos, no entanto, até o momento não houve qualquer anúncio oficial que garanta os investimentos.

Outra reivindicação do Sindicato foi a realização de uma reunião com o governador Geraldo Alckmin para tratar do tema, já que o governo também concedeu incentivos fiscais para a montadora. O secretário afirmou que vai levar as reivindicações ao governador e verificar a possibilidade de uma reunião para discutir as demissões e a possível intervenção do governo estadual.

“O sindicato vai continuar cobrando que o poder público, nas esferas municipal, estadual e federal, intervenha à favor dos trabalhadores e de seus empregos. Com tantos incentivos concedidos para a montadora, não vamos aceitar que ela continue fechando postos de trabalho”, afirmou o presidente do Sindicato Antônio Ferreira de Barros, o Macapá.

No dia 28 de dezembro, a montadora informou, por telegrama, a demissão de entenas de metalúrgicos. O ataque da empresa aconteceu em meio às férias coletivas (licença remunerada) de final de ano. Assim, a GM não apenas tirou os empregos desses trabalhadores como também tenta impedir que eles se organizem para resistir e protestar contra as demissões. O setor de Montagem de Veículos Automotores (MVA) foi desativado, e a produção do Classic foi transferida para Rosario, na Argentina. “Entre abril de 2012 e julho de 2013, foram fechados 1.500 postos de trabalho na fábrica”, informou o sindicato.

Na quarta-feira, 8, uma assembleia com os demitidos definirá próximas ações da categoria para resistir às demissões e fazer com que sejam suspensas.

Incentivos fiscais e ruptura de acordo
Menos de uma semana antes das demissões, o governo federal havia fechado um acordo com as montadoras de isenção de impostos, mantendo o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 3%. Em troca, as empresas não demitiriam seus funcionários.

“Não podemos aceitar que o governo continue dando dinheiro público para as montadoras colocarem os trabalhadores na rua. Vamos exigir que o governo intervenha, suspenda as demissões e garanta a estabilidade dos trabalhadores”, disse Macapá.

Enquanto as montadoras multinacionais aumentam seus lucros e enviam cada vez mais dinheiro para fora do país, à custa do trabalho dos metalúrgicos, estes sofrem ataques após ataques. Não é possível que estas empresas continuem enviando os lucros aqui obtidfos para suas matrizes no exterior.

Nenhum acordo com o patrão merece confiança. É preciso cercar de solidariedade esses trabalhadores com uma ampla campanha nacional e internacional. O governo Dilma tem de criar uma lei que garanta estabilidade no emprego e nacionalizr as empresas que demitem em massa. Além disso, é necessário que haja um contrato coletivo nacional para que os trabalhadores tenham os mesmo direitos em todo o país e estabelecer a construção de um carro nacional.

*Com informações do Sindmetal-SJC

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