A posição da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, sobre a proposta de aumento salarial nas montadoras não refletiu a disposição da categoria em lutar por um reajuste mais condizente com a realidade das linhas de produção das montadoras na região e em todo o país. A direção fechou acordo com a patronal que previa índice de 6,53%, sendo somente 2% de aumento real, e abono de R$ 1.500.

O setor acumula, hoje, mais de 10 mil demissões. Na região, em geral, são 23 mil demitidos. As montadoras estão contratando novos trabalhadores temporários que ganham um terço do salário dos demitidos. A direção do sindicato, na prática, legaliza a rotatividade de mão-de-obra na categoria.

Os 3.500 trabalhadores presentes na assembleia não receberam com entusiasmo a proposta votada. Porém, a direção do sindicato vinha construindo o rebaixamento do resultado das negociações, compactuando com a patronal ao alegar que a crise econômica ainda não passou em várias fábricas da região. Assim, o suposto equilíbrio do resultado das negociações foi visto como uma vitória.

Na verdade, mais uma vez, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC contribuiu para que as várias negociações pendentes no ramo metalúrgico e em outras categorias, tivessem uma referência rebaixada.

Referência rebaixada começa a ser derrotada
Na segunda-feira, 14, os trabalhadores na GM de São José dos Campos (SP) e a direção do sindicato, filiado à Conlutas, rejeitaram a proposta e iniciaram imediatamente uma paralisação de 24 horas para fazer avançar as reivindicações.

Já em São Caetano do Sul, no ABC paulista, os trabalhadores na GM também rejeitaram por unanimidade a mesma proposta rebaixada aprovada em São Bernardo do Campo, com um diferencial importante. A direção do sindicato, ligada à Força Sindical e à CTB, esboçou defesa da proposta, mas os trabalhadores dos turnos da manhã e da tarde não vacilaram. Impuseram sua vontade e não aceitaram qualquer manobra da direção. Os metalúrgicos votaram em massa contra a proposta.

Em Curitiba (PR), os trabalhadores da Volkswagen-Audi e da Renault-Nissan seguem em greve. A Volvo pode entrar em greve a partir desta terça-feira, 15. Os patrões entraram na Justiça do Trabalho para criminalizar a greve.

A lição que fica é que a classe operária necessita urgentemente construir uma nova direção do para derrotar a intransigência da patronal, do governo e a parceria do sindicato com os inimigos de classe, garantindo a independência e autonomia dos sindicatos para encaminhar as lutas da classe trabalhadora. Vamos à luta e construir a unidade para derrotar os patrões e as direções pelegas!