Miguel Malheiros, de Niterói (RJ)

No dia 6 de maio o Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e Itaboraí, dirigido pela CUT, entregou a campanha salarial da categoria para a patronal. O sindicato colocou a proposta das empresas quatro vezes para votação. Em três delas, dois terços dos trabalhadores votaram contra. Na quarta, o sindicato decretou: está aprovada a proposta. Logo a seguir encerrou a assembleia e sepultou a campanha salarial.
O Opinião conversou com Paulinho e Heleno, dirigentes da Oposição da Conlutas nos metalúrgicos da região.

Opinião Socialista: O que aconteceu com a campanha salarial?
Paulinho: A questão é essa, não aconteceu. E 2009 a campanha salarial não aconteceu. Teve boletim da campanha que não falava nem qual era o índice de reajuste. Não teve reunião por fábrica, por estaleiro… fizeram até assembleia de mentirinha: marcaram uma assembleia no 1º de abril, mas não apareceram nem pra dizer aos trabalhadores que era brincadeirinha.

Os estaleiros estão com grana. O governo segue repassando dinheiro do BNDES. Até por isso a proposta da Oposição/Conlutas era centrar na luta por aumento salarial digno; aumento no tíquete e igual pra todo mundo; gatilho salarial de 3%; estabilidade no emprego: que não saia dinheiro do governo pra financiar obra – navio plataforma, seja lá o que for – sem a contrapartida em estabilidade no emprego para o peão.

Mas eles demonstraram que são fiéis seguidores do Lula quando ele disse que não tem de brigar por salário…

Heleno: Mas o peão “tá rangendo” os dentes. O reajuste foi uma miséria: 7%. Mesmo valor de reajuste do tíquete alimentação. Não tem dúvida: eles entregaram a campanha salarial para a patronal.

Como a Oposição/Conlutas atuou nesse período?
Heleno: Olha, estivemos na porta dos estaleiros dialogando com os trabalhadores. Distribuímos panfletos… Mais que o sindiquieto/CUT. Estávamos ali na base, tentando construir a campanha, disputando posição e construindo a campanha.

Já o carro de som do sindicato não foi ligado uma única vez na porta de um estaleiro para fazer a campanha. Disposição de luta é que não faltava. No Mauá-Caximbau, a peãozada parou duas vezes, por fora do sindicato, exigindo melhores condições pra trabalhar, quando o sindicato apareceu foi pra negociar o fim da greve, que a base tinha feito sem eles…

Paulinho: Estamos pedindo ajuda a própria peãozada pra fazer nossos materiais, promovendo atividades como a Costela no Bafo, para arrecadar grana. A oposição é financiada assim.

Esse trabalho na base é chave, até porque com essa crise econômica aí, não descartamos ter de exigir uma campanha salarial de emergência no segundo semestre, ou melhor, que seja uma verdadeira campanha salarial.

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