Sindicato concede entrevista coletiva sobre as negociações

Nesse dia 23 ocorreram mobilizações contra os ataques da GM em várias partes do mundoO Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos apresentou, nesta quarta-feira, dia 23, novas propostas para que a General Motors desista do plano de demitir 1.598 trabalhadores e garanta novos investimentos na planta local. Pela primeira vez, a GM aceitou rediscutir as demissões com sua diretoria.

A reunião de hoje não foi conclusiva e continua no próximo sábado, dia 26, às 10h, na sede do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), quando serão finalizadas as negociações. Todas as propostas apresentadas pelo Sindicato têm o propósito de garantir a manutenção dos postos de trabalho e novos investimentos na fábrica de São José dos Campos.

“Estamos dispostos a fazer um acordo trabalhista, desde que haja a manutenção de todos os postos de trabalho e contratação de funcionários, com a vinda de produção de novos modelos para a cidade. Qualquer acordo tem de partir desse patamar. Não aceitaremos demissões”, afirma o presidente do Sindicato, Antonio Ferreira de Barros, o Macapá.

As propostas apresentadas pelo Sindicato são:

– Manutenção de todos os postos de trabalho da planta.
– Continuidade da produção do Classic em São José dos Campos.
– Nova grade salarial para os novos contratados. Com a nova grade, o montador entraria com salário de R$ 1.840, com plano de carreira que permita progressão.
– A empresa poderá estender a jornada no limite de duas horas diárias, desde que avise com sete dias de antecedência e pagamento de horas extras.
– Trabalho aos sábados alternados, com pagamento de horas extras.
– Renovação do acordo de 6 x 1 (trabalha seis dias e folga um) e do acordo que prevê trabalho aos domingos, mediante pagamento de 100% de hora extra, e com descanso de um dia durante a semana.
– Acordo de 40 minutos de horas itíneres (período em que o trabalhador chega com antecedência na fábrica e que hoje é objeto de ação judicial).

Essas propostas estão condicionadas a garantia de que não haja demissões e entrarão em vigor assim que forem anunciados novos investimentos na planta.

Qualquer que seja o acordo fechado no sábado terá de ser submetido à assembleia dos trabalhadores.

“Nós queremos investimentos na planta de São José dos Campos e o acordo que estamos propondo é para possibilitar isso. Esperamos que no sábado tenhamos uma proposta positiva para ser levada à assembleia” , afirma o secretário geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

O diretor institucional da GM, Luiz Moan, afirmou que este ano a empresa deve anunciar grandes investimentos no Brasil, para os próximos três a cinco anos. O Sindicato defende que a fábrica de São José tem de ser incluída nos planos da montadora.

Também participaram da reunião o secretário de Relações do Trabalho, Manoel Messias Nascimento Melo, o prefeito de São José dos Campos, Carlinhos de Almeida, a assessora do secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Leonita de Carvalho, e a chefe estadual de Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Aylza Gudin.

“As duas partes vieram com disposição para o diálogo. No entendimento do governo, é importante que a negociação leve à garantia de que a GM continue investindo em São José dos Campos”, afirmou o secretário de Relações do Trabalho, Manoel Messias, em entrevista coletiva.

Amanhã, haverá uma audiência pública na Câmara Municipal de São José dos Campos, às 16h, em que o tema central será a situação dos trabalhadores da General Motors.

Mobilização internacional
Nesta quarta-feira, trabalhadores de plantas da GM no Brasil e em vários países promoveram o Dia de Ação Global contra os Ataques da GM. Em São José dos Campos, na entrada dos turnos, foi entregue aos trabalhadores um manifesto internacional. O protesto realizado nesta terça-feira, que bloqueou a Via Dutra por uma hora, também fez parte das atividades de solidariedade mútua entre os países.

Na Alemanha, os operários da GM Opel de Bochum, também ameaçados pelo fechamento da fábrica, fizeram uma paralisação de 1h30 no interior da unidade para marcar a resistência aos planos da companhia, conforme relatou ao Sindicato o dirigente alemão Steffen Reichelt.

O vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros da Silva, também recebeu relatos de protestos solidários realizados na França e nos Estados Unidos. No país europeu, os trabalhadores da PSA, de Aulnay, em greve também contra a intenção de fechar a planta, se manifestaram em favor da luta em São José dos Campos e nas demais fábricas ameaçadas pelos planos de reestruturação da empresa. Já nos Estados Unidos, estão acontecendo mobilizações no Salão do Automóvel de Detroit, sede da matriz da General Motors.

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