Cerca de 40 trabalhadores dos Correios foram detidos a mando do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Segurança ameaça sindicalistas com uma pistola.Um grupo de cerca de 40 trabalhadores dos Correios, incluindo dirigentes da Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios (FNTC) e de entidades de vários estados, foi detido por volta das 19h desse dia 31, na galeria do Senado. A detenção ocorreu momentos após a votação que aprovou a Medida Provisória 532, que transforma os Correios em Sociedade Anônima (SA) e estabelece um conjunto de medidas que abrem o capital da estatal e avança na privatização da empresa.

Segundo Heitor Fernandes, dirigente da FNTC e um dos detidos, a segurança do Senado interveio com violência quando o grupo de sindicalistas abriu um cartaz em que criticava a Medida Provisória e cantava a palavra de ordem “ô Dilma, que papelão, essa MP é privatização”. “O chefe de segurança atacou o Geraldinho (Geraldo Rodrigues, também dirigente da Frente), foram todos pra cima dele e dissemos que se fosse prender ele, teria que prender todos nós”, relata. O segurança chegou a ameaçar o grupo, colocando a mão na pistola.

Geraldinho destaca que a detenção foi o ápice de um jogo de pressão que começou horas antes. “Desde o começo da votação a segurança estava de olho em mim, tanto que quando levantamos o cartaz, o guarda veio direto para cima de mim, mesmo estando em meio a 40 ou 50 companheiros”, explica o dirigente. Na votação ocorrida na Câmara também ocorreram episódios de intimidação, embora não tenham culminado na prisão.

Após a abordagem dos seguranças, os sindicalistas foram detidos e encaminhados à delegacia, no subsolo do Senado, onde permaneceram por quase três horas. A única alegação dos seguranças para a detenção é que os sindicalistas “desrespeitaram” o regimento do Senado. Segundo Geraldinho, o próprio delegado afirmou que a ordem de prisão partiu diretamente da presidência do Senado, ocupada pelo senador José Sarney. “Não deixaram nem que pegássemos nossos documentos, estamos aqui sem nada, nem documentos” , reclama Heitor. Entre os detidos estavam representantes dos sindicatos de Brasília, São Paulo, Ceará, Alagoas, Mato Grosso.

Luta continua
Sob a justificativa de ‘modernizar´ a estrutura dos Correios, a Medida Provisória abre o capital da estatal, possibilitando a parceria com o capital privado através da constituição de “subsidíárias”. Ao avançar na privatização dos Correios, o governo Dilma faz o que nem o governo Collor ou FHC conseguiram.

A MP 532, aprovada no último dia 23 na Câmara, foi chancelada no Congresso com o apoio da base governista, inclusive com os votos do PT e PCdoB. A FNTC, a fim de barrar esse projeto, pressionou para que a greve da categoria, marcada para o próximo dia 14 de setembro, fosse antecipada para esse dia 31, por conta da votação no Senado. A Fentect (Federação dos Trabalhadores da ECT), entidade majoritária da categoria e vinculada à CUT, porém, não aceitou.

Mesmo assim, a luta contra os ‘Correios SA´ não terminou. “Mesmo aprovado pelo Senado, nossa luta contra a privatização dos Correios não termina aqui, vamos incorporar a reivindicação para que Dilma vete esse projeto e lutar para que esse seja um dos eixos de nossa greve” , defende o Geraldinho.

Matéria atualizada às 22h50

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