Três lideranças foram mortas quando saíram de uma reunião no estado de Arágua. Leia abaixo a declaração da UST, seção da LIT-QI na Venezuela, sobre os assassinatos

Na noite do dia 27 de novembro, foram assassinados Richard Gallardo, presidente da União Nacional dos Trabalhadores (Unete) no estado de Aragua; Luís Hernández, dirigente sindical da Pepsi-Cola; e Carlos Requena da Produvisa-Conasat e também dirigente da Unete.

Os fatos ocorreram quando os companheiros estavam no setor La Encrucijada, uma zona industrial e de população operária e popular de Aragua. Os três foram atingidos por disparos feito por matadores, que lhes abordaram de motocicleta.

Durante todo o dia, os companheiros estiveram apoiando ativamente os 400 trabalhadores da multinacional de laticínios Alpina, contra os proprietários da empresa, colombianos.

Os operários da Alpina permaneciam ocupando a planta por não-cumprimento de contrato e por uma ameaça da patronal de fechar a empresa. Ao meio-dia da quinta-feira, 27, a polícia entrou reprimindo de forma selvagem e retirando os operários. Mais tarde, com a solidariedade da UNT e em uma manifestação encabeçada pelos companheiros, os trabalhadores reocuparam a planta. Quatro operários ficaram feridos pela repressão.

Diante destes fatos, Luís Hernández e Richard Gallardo exigiram publicamente, num comunicado à imprensa, que as autoridades locais e o governador eleito pelo PSUV em Aragua, Rafael Isea, se pronunciassem. No comunicado, anunciava-se que a Unete se declarava em alerta para impedir que a multinacional fechasse a planta. Declarava: “exigimos do governo sua expropriação e a colocaremos para produzir, sob o controle dos trabalhadores”. À noite, foram brutalmente assassinados, com Carlos Requena.

Richard Gallardo foi candidato ao Conselho Legislativo de Aragua e Luís Hernández a prefeito do município Zamora (Villa de Cura) pela Unidad Socialista de Izquierda (USI) nas eleições de 23 de novembro, quando esta organização operária e socialista os apresentou como candidatos independentes frente à burguesia golpista e ao chavismo. Carlos Requena, por outro lado, era um reconhecido delegado de prevenção, um cipeiro, e lutador pela saúde no trabalho e por melhores condições de trabalho. Por isso, eram também odiados pela direita local, envolvida com bandos de mafiosos.
Compreendemos que se trata de um crime político contra a organização e mobilização independente dos trabalhadores. Por isso, é necessário exigir a imediata investigação e prisão destes assassinos, bem como de seus mandantes.

Em primeiro lugar, a Unidad Socialista de los Trabajadores (UST), seção venezuelana da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-CI), através deste comunicado, se solidariza com os familiares e companheiros de trabalho e de luta de Richard Gallardo, Luís Hernández e Carlos Requena.

Em segundo lugar, exigimos do governo do presidente Hugo Chávez e ao governador eleito de Aragua, Rafael Isea, que iniciem imediatamente as investigações e as operações para identificar e prender sem demora os matadores e os mandantes deste crime bárbaro.

Em terceiro lugar, o movimento sindical venezuelano, independentemente da filiação a uma ou outra central sindical, deve realizar uma campanha nacional exigindo a imediata apuração do crime. A defesa da vida dos trabalhadores e de seus dirigentes é um princípio fundamental do movimento operário e deve estar acima de qualquer diferença política, partidária ou sindical.

Não podemos deixar que este triplo assassinato fique impune. Caso contrário, corremos o risco de que se espalhe em nosso país uma onda de atentados contra os dirigentes operários e populares, igual a que assistimos hoje na Colômbia. A forma mais eficaz de lutar contra estes métodos sanguinários da burguesia é com a mobilização dos trabalhadores.

A UST apóia ativa e incondicionalmente todas as iniciativas políticas, sejam atos, manifestações, paralisações regionais, sejam medidas jurídicas tomadas pelo movimento sindical de Aragua, em particular pela UNT deste Estado e pelos militantes da USI.

Nossa organização se compromete a realizar uma campanha nacional e internacional para denunciar este crime bárbaro contra a livre organização da vida dos trabalhadores. Nos colocamos à disposição dos familiares e dos companheiros de trabalho e de luta de Richard, Luís e Carlos para ajudar em outras iniciativas que tomem.

Chamamos as organizações sindicais, populares, estudantis e de direitos humanos de todo o mundo a repudiar este crime, com declarações e atos nas embaixadas ou consulados da Venezuela em todo o mundo.

Por último, é prioritário que o movimento operário venezuelano comece a tomar medidas imediatas de segurança e autodefesa de seus dirigentes sindicais e populares contra estes métodos fascistas da burguesia. Uma destas primeiras medidas deve ser a criação de comissões de autodefesa em todos os sindicatos, em particular os de Aragua.

Campanha exige punição aos assassinos
Da redação

O assassinato dos três sindicalistas gerou uma comoção internacional que está se transformando numa forte campanha. Organizações de todo o mundo, principalmente da América Latina, têm enviado declarações de repúdio aos crimes e solidariedade aos familiares e companheiros de luta dos três militantes mortos.
As mensagens também exigem do governo de Hugo Chávez e do governador eleito de Aragua, Rafael Isea, do PSUV, que tomem providências imediatas no sentido de chegar aos culpados e puni-los.

Em Maracay e Valencia, a indignação levou os trabalhadores a tomar às ruas e fechar as vias de acesso entre os estados de Aragua e Carabobo. Os protestos se estenderam até a Vila de Cura e culminaram com o fechamento do comércio local.

A LIT-QI e seus partidos se colocaram à disposição das famílias e dos companheiros de luta dos três assassinados para tomar todas as medidas que forem possíveis para punir os responsáveis pelos crimes.

As manifestações, contudo, não param nas cartas e declarações. No estado de Aragua, onde os militantes foram executados, a União Nacional de Trabalhadores (Unete), aprovou um plano de luta contra os assassinatos e contra a impunidade para a primeira semana de dezembro.

Post author Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), da Venezuela
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