Mostrando que a luta contra os novos ataques da General Motors não terminou, sindicalistas de várias partes do estado e do país foram à portaria da fábrica em São José dos Campos (SP), nesta terça-feira, 17 de junho, levar sua solidariedade à luta dos metalúrgicos contra a montadora

Cerca de 100 sindicalistas, metalúrgicos e ativistas de várias categorias participaram do ato, que ocorreu em frente a duas portarias da fábrica. O protesto foi convocado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região contra a nova proposta da GM. A montadora quer impor o banco de horas e rebaixar o piso salarial em troca da contratação de 600 novos funcionários.

Estiveram presentes metalúrgicos de Campinas, Limeira, Santos, além de vidreiros, trabalhadores da alimentação, petroleiros, servidores e aposentados. Dois metalúrgicos da planta da GM de Gravataí (RS) também marcaram presença no ato.

“Viemos em solidariedade aos metalúrgicos de São José dos Campos pela não-implementação do banco de horas. No Rio Grande do Sul, nós já temos o banco e já está mais do que provado que ele é prejudicial aos trabalhadores”, afirmou ao Portal do PSTU Marlom Alves, dirigente sindical da planta de Gravataí presente no ato.

Banco de horas = mais exploração
Em Gravataí, existe o banco de horas desde a abertura da fábrica, em 2000. A planta na cidade é considerada modelo pela montadora. Não é coincidência que a fábrica seja uma das que mais tenha trabalhadores lesionados. Cerca de 30% dos funcionários apresentam algum tipo de lesão. E a produção só aumenta. “Nos oitos anos que a fábrica está instalada, fabricamos 1 milhão de automóveis. A empresa quer produzir agora, em quatro anos, mais 1 milhão. A produção hoje é de 52 veículos por hora e cogita-se para o segundo semestre a produção de 60 automóveis por hora”, afirma Marlom.

Em Gravataí, assim como ocorre em todos os lugares onde vigora o banco de horas, a jornada dos trabalhadores fica totalmente à mercê das necessidades da empresa. “Se tiver alguma quebra na fábrica, por causa do defeito de algum equipamento, a empresa utiliza o banco para mandar os funcionários para casa e não ter prejuízo com isso”, explica o sindicalista gaúcho.

Luta continua
A campanha nacional em defesa dos direitos, impulsionada pelo sindicato e pela Conlutas, entre outras entidades, prossegue. O sindicato está fazendo uma campanha de mídia contra os ataques da empresa e a propaganda massiva imposta pela burguesia da cidade. Além de um jornal à população, o sindicato produziu um documentário sobre a GM e o banco de horas. Seis mil foram distribuídos entre os operários da fábrica.

“Percebemos que o vídeo deu uma virada razoável na consciência dos trabalhadores”, explica Renato Bento Luis, o Renatão, diretor do sindicato. Tanto que a própria GM foi obrigada a responder, através de comerciais de TV no horário nobre. Além disso, a empresa aumenta a já brutal pressão nas fábricas para a aceitação da proposta.

Nesta quarta-feira, 18, ocorre nova negociação com a GM. O prazo para a resposta à proposta da empresa é até o dia 19, insuficiente para qualquer tipo de discussão com os trabalhadores. O sindicato pediu um prazo maior, mas a empresa se nega a estendê-lo. “Hoje tivemos audiência com a câmara dos deputados estaduais, que ficou de enviar moção para a GM para o estendimento dos prazos, também pedimos audiência com o governo federal, mas não tivemos resposta”, explica Vivaldo Moreira, também diretor do sindicato.

Existe disposição para manter a luta firme até o final e os próximos dias serão decisivos.