Demissões, aumento das tarifas e cortes no Orçamento fazem parte do receituário de Dilma, Aécio ou Marina para 2015

Você chega em casa após o trabalho e liga a televisão no jornal da noite. Em tom sério, a jornalista diz que o país está parando. Informa a nova previsão do governo e do mercado para o crescimento do PIB este ano. Uma seta aponta para baixo: era 2,5%, aí passou para 2% e agora é de 1%.

O PIB (Produto Interno Bruto) é a soma dos valores de tudo aquilo que o país produz em determinado período. Entra nessa conta tudo que é produzido em termos de mercadorias e também serviços e comércio. Uma previsão divulgada pelo próprio Banco Central aponta uma queda nesse segundo trimestre de 2014, reforçando a ideia de paralisia da economia. Sinal de que uma recessão vem por aí. Mas qual o problema nisso? A geração de empregos com carteira assinada diminui, como em junho. A crise, que já atinge a indústria, começa a se espalhar para os outros setores, chegando até na construção civil, que teve forte crescimento no último período. Como sempre, sobra para os trabalhadores.

Demissões já começaram
Há algum tempo, a indústria vem capengando e, em junho, a produção industrial teve a pior queda desde setembro de 2009. As empresas, para protegerem seus lucros, demitem. Em São Paulo,  prevê-se para este ano o fechamento de cerca de 100 mil postos de trabalho. Para se ter uma ideia, é mais que nos anos de 2012 e 2013, quando 88 mil empregos foram extintos.

Roberta*, de 25 anos, sentiu na pele os efeitos disso. Operária de uma empresa de plástico da região de Osasco (SP), com cerca de 800 funcionários, ela foi chamada pela sua chefe quando terminava seu turno no dia 5 de agosto. “Ela chegou e disse que, como a gente podia perceber, a produção tinha caído muito, e que por conta disso teria que demitir funcionários”, conta.

Ela e mais duas funcionárias que tinham contrato temporário foram dispensadas naquele dia, mas a empresa já vinha cortando funcionários efetivos e transferindo outros. “Já havia um clima de demissão na empresa. No meu setor, por exemplo, de dez linhas só ficou rodando três, muitos efetivos já tinham sido transferidos para outra planta”, relata.

A mesma indústria que está demitindo é um dos setores que mais se beneficiaram com a política de isenções do governo Dilma. Entre 2010 e 2014, se deixou de arrecadar nada menos que R$ 15,5 bilhões.

Isso mostra como essa política econômica privilegia os empresários. Quando a economia cresce, eles se beneficiam com isenções e subsídios. Na hora que vem a crise, demitem e cortam direitos para manterem a mesma lucratividade.

*nome fictício

Depois das eleições, novos aumentos
Eles não dizem, mas uma das primeiras coisas que Dilma, Aécio ou Marina farão quando sentarem na cadeira de presidente será assinar um tarifaço. Está dado que qualquer um desses eventuais presidentes aumentará o preço da gasolina e da energia elétrica, além de impor um corte drástico nas contas públicas.

A Petrobras, cuja maior parte dos acionistas é formada por investidores estrangeiros, exige um reajuste no preço do combustível. Dilma, porém, temendo um desgaste maior ao que já vem sofrendo, resolveu segurar esse aumento até as eleições. Mas, em 2015, ele virá, seja quem dos três principais candidatos for eleito. Com o aumento da gasolina, a inflação geral aumenta, inclusive a tarifa de ônibus.

 A mesma coisa acontece com a energia elétrica. O governo acabou de articular um empréstimo bilionário às distribuidoras de energia que, totalizando com um empréstimo anterior, dá mais de R$ 11 bilhões. Trata-se de um pacote de ajuda que é um verdadeiro presente de pai para filho. O problema é que quem paga essa conta é a população. Para cobrir essa ajuda, prevê-se um aumento na conta de luz no ano que vem que pode chegar a 24% segundo analistas.

Essa conta eu não pago!
Demissões e tarifaço são reflexos de uma política econômica que privilegia os lucros das grandes empresas. Só é possível combater isso rompendo com essa política e atacando os interesses dos empresários. É preciso proibir as demissões, estatizando as empresas que se beneficiaram com isenções e que insistam em fechar postos de trabalho. Da mesma forma, é necessário reestatizar o setor elétrico e a Petrobras. Seria possível, com isso, não só impedir um novo aumento como reduzir e subsidiar as tarifas para a população, tirando do que hoje vai como lucro para os investidores privados.

Publicado no Opinião Socialista nº 484

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