No dia 20 de agosto de 1940, em seu exílio no México, Leon Trotsky, um dos principais dirigentes da Revolução Russa, foi assassinado por um agente da GPU (polícia secreta), a mando de StalinO assassinato de Trotsky representou mais um trágico capítulo de uma das batalhas políticas mais importantes do século passado. Uma história fundamental para identificarmos os problemas que ainda afetam o movimento operário dos dias atuais.
Como um dos principais dirigentes da Revolução Russa de 1917, Trotsky presidiu o soviete de Petrogrado, a organização operária e de massas, embrião do futuro Estado operário. Encabeçou o Comitê Militar Revolucionário, conduzindo o assalto ao Palácio de Inverno, que culminou com a tomada do poder. No novo Estado operário, entre outras tarefas vitais, Trotsky organizou e dirigiu o Exército Vermelho, que levou à vitória dos bolcheviques na guerra civil (1918-1921) contra 14 exércitos das potências imperialistas. Junto a Lênin, foi ainda um dos fundadores e uma das destacadas figuras da III Internacional, a Internacional Comunista.

Mas a luta contra a burocracia e pela democracia operária foi o que marcou definitivamente a trajetória política de Trotsky. Lênin foi o primeiro a assinalar, em 1920, o perigo das “deformações burocráticas” do jovem Estado soviético. Sua preocupação tinha a ver com o crescimento do aparato do Estado, o desenvolvimento da burocracia e seu reflexo no interior do partido. Depois da morte de Lênin, em 24 de janeiro de 1924, foi Trotsky que continuou esta batalha. Stalin, secretário geral do partido, ao contrário, foi o principal instigador das tendências burocráticas.

Trotsky localizou que o problema da degeneração era um fenômeno objetivo, que dependia diretamente do desenvolvimento da luta de classes. No caso concreto, da derrota da revolução mundial e do consequente isolamento da União Soviética, potencializados pelo tremendo atraso do país e pelo desgaste das massas com a guerra civil. Ao longo de sua batalha no interior do partido bolchevique, Trotsky questionou a política econômica que não impulsionava a industrialização, a falta progressiva de democracia operária na tomada de decisões e sua relação com a diminuição da democracia interna partidária.

Mas a derrota da revolução mundial, o cansaço e a desmoralização da classe operária russa, além do atraso do país, deram a vitória aos que controlavam o aparato. Trotsky foi afastado de todos os seus cargos no Estado e no partido e expulso do país. Seus seguidores, familiares e amigos foram perseguidos, presos e assassinados. E Stalin consolidou seu poder com os “processos de Moscou”, que terminaram por prender e executar todos os que se opunham a seu comando.

Apesar das perdas sofridas, políticas e pessoais, Trotsky continuou sua batalha no exílio. Com a Oposição de Esquerda Internacional, desenvolveu a batalha que culminaria na fundação da IV Internacional, considerada por Trotsky a “tarefa mais importante” de sua vida. Sem a construção de uma nova internacional, a tradição marxista e proletária se perderia para sempre, fruto da degeneração stalinista da III Internacional. As duras condições em que a IV Internacional se construiu tornaram sua fundação ainda mais necessária. O stalinismo havia triunfado na URSS e o nazismo havia chegado ao poder na Alemanha. Era preciso formar uma internacional capaz de continuar, assim que as condições o permitissem, a luta de Marx, Engels, Lênin, Rosa Luxemburgo e do próprio Trotsky.

O veredito da história
Durantes décadas, os stalinistas caluniaram Trotsky como um “contra-revolucionário” que queria destruir a União Soviética. No entanto, foi essa mesma burocracia stalinista que restaurou o capitalismo na URSS, acabando com o primeiro Estado operário de todos os tempos.

O veredito da história comprovou que Trotsky estava certo ao dizer que, sem uma revolução política que derrubasse a burocracia na URSS, seria a própria burocracia a restabelecer o capitalismo no país. A restauração do capitalismo demonstrou na prática que era impossível construir o socialismo num só país, como diziam os stalinistas.

Mas foi apenas frente ao stalinismo que a história deu razão a Trotsky. Com a queda dos regimes stalinistas no Leste Europeu, a burguesia mundial preconizou o fim do socialismo e a superioridade do capitalismo.

A atual crise econômica mundial e a miséria crescente que vem trazendo para milhões de trabalhadores em todo o mundo são apenas a expressão mais recente e visível da agonia mortal do capitalismo que condena a humanidade a barbárie. Diante da barbárie capitalista, a necessidade de se construir o socialismo, em escala mundial, é hoje mais necessária do que nunca.

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