Ato em Brasília
Diego Cruz

Nessa quinta-feira, dia 23 de junho, servidores públicos federais de todo o país deram seqüência às mobilizações na capital federal contra o governo Lula. Pela manhã, milhares de manifestantes protestaram em frente aos ministérios, onde ocorreram audiências entre representantes do governo e sindicalistas. A principal delas ocorreu no Ministério da Saúde e envolveu o ministro Humberto Costa (PT) e entidades como a Fenasps, a CNTSS e a Condsef. Como sempre, não houve avanço significativo nas negociações e os servidores mantiveram a greve por tempo indeterminado.

Enquanto aconteciam as audiências, os servidores ensaiavam o “arraiá sem quadrilha”, com muita animação e ao som de músicas de festas juninas. No momento em que o resultado da audiência era informado, a representante da CUT, que acompanhou as negociações, foi intensamente vaiada pelos servidores, fato que se repetiu em Brasília, sempre que algum orador se apresentava ao carro de som como “representante da CUT”.

Mobilizações continuam à tarde
Depois de um rápido almoço, os servidores voltaram a se manifestar, agora em frente ao Ministério do Planejamento, onde ocorria a reunião da Mesa Permanente de Negociação. O ato se iniciou por volta das 14h30 e se estendeu por toda a tarde. Além do arraiá, os servidores fizeram uma fogueira onde “queimaram” o arrocho salarial, as terceirizações e as promessas não-cumpridas do governo. Um cartaz com a foto do Lula foi jogado na fogueira, reduzindo-se a cinzas.

Os servidores aproveitaram a ocasião para lembrar Lula das promessas feitas antes das eleições. Transmitiram no carro de som uma entrevista do então candidato concedida à rádio CBN, em abril de 2002. Nela, Lula promete que, em seu governo, os servidores não teriam arrocho salarial e que não “mexeria na Previdência”.

José Maria de Almeida, o Zé Maria, saudou a greve e a mobilização dos servidores. Falando em nome da Conlutas, Zé Maria denunciou o arrocho e a corrupção do governo e chamou à mobilização dos trabalhadores. “Lula herdou de FHC não só a política econômica mas também a corrupção”, afirmou. O lamentável papel perpetrado pela CUT, UNE e MST também foi denunciado: “Dizem que há uma tentativa de golpe em andamento, mas os bancos e as multinacionais nunca estiveram tão contentes pois nunca ganharam tanto dinheiro”.

`AdesivoEle afirmou ainda que os trabalhadores devem se mobilizar contra a corrupção no Congresso e contra os corruptores, ou seja, os banqueiros e empresários que estão por trás desse mar de lama. Corrupção esta que o PT utiliza para aprovar as reformas através da compra de deputados. “A greve dos servidores é um exemplo de luta e mobilização. Temos que construir nas lutas a alternativa à corrupção do governo, do PT e da direita”, afirmou.

Repressão a acampamento
Como se não bastasse os servidores terem sido expulsos da Esplanada dos Ministérios por instalar o acampamento, fato que não ocorreu nem mesmo durante os governos ditatoriais, os funcionários públicos estão sendo expulsos agora do estádio Mané Garrincha, local para onde se refugiaram após ameaças da polícia. A luz e a água foram cortadas do estádio e os servidores já foram avisados para se retirar do local.

Plenárias organizam a luta
Nessa sexta-feira, ocorrem as plenárias setoriais da categoria e sábado os servidores se reúnem para a plenária nacional, quando decidirão os próximos passos da campanha salarial e da luta contra a corrupção.