A sexta-feira 13 começou truculenta para os servidores municipais de Teresina que ocupavam, desde segunda, o plenário da Câmara Municipal de Vereadores, para evitar a aprovação de um projeto do prefeito Sílvio Mendes (PSDB) que “reajusta” os salários da categoria em 1,5%. Por volta da meia-noite, a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o plenário da Câmara e, utilizando gás de pimenta, forçou a retirada de quase 100 servidores que acampavam no local. Havia também policiais do Grupo Tático Especial (Gate) que estavam fortemente armados e utilizavam capuz para evitar a identificação.

Diante de tanto aparato, o clima era de terror entre os servidores na hora da desocupação. Do lado de fora da Câmara, mais policiais estavam de prontidão, inclusive com cães, para serem utilizados no caso de resistência por parte dos funcionários da prefeitura, que reivindicam, dentre outros pontos, reposição de 71% referentes às perdas salariais da categoria desde 1996.

Na ofensiva do aparato policial do governo Wellington Dias (PT), dois diretores do Sindicato dos Servidores Municipais de Teresina (Sindserm) saíram feridos. Um deles, com fratura na clavícula e outro, que é médico-cirurgião, com luxação no punho. Vários trabalhadores passaram mal em conseqüência do gás de pimenta.

Na desocupação do prédio, os servidores ainda tiveram que passar por um corredor lotado de policiais da tropa de choque, que por trás de escudos e cassetetes, gritavam palavras ofensivas aos manifestantes, na tentativa de aterrorizá-los. Cerca de 150 PMs fizeram a retirada dos servidores do plenário, conforme determinava uma decisão da Justiça.

Antes de saírem do plenário, os servidores decidiram continuar acampados em frente ao prédio da Câmara Municipal e prosseguirem a greve por tempo indeterminado. “Apesar do terrorismo e da truculência, nosso movimento tende a se fortalecer ainda mais”, disse o diretor do Sindserm, Gervásio Santos, militante do PSTU e integrante da Conlutas-PI. O prefeito de Teresina, que atendeu prontamente ao pedido de aumento de passagem de ônibus recentemente, só mostra disposição para atender às reivindicações dos empresários do setor do transporte. Em entrevista concedida ontem a um jornal local, Sílvio Mendes disse que não negociaria com grevistas e avisou que só está disposto a negociar pontos que não sejam relacionados à reposição salarial.

Servidores continuam acampados em frente à Câmara
Os servidores municipais de Teresina realizam neste momento mais uma assembléia geral da categoria, na Rua Climatizada, que fica ao lado da Câmara Municipal. Na assembléia, foi ratificada a continuação da greve por tempo indeterminado. Ainda é grande o número de policiais militares em frente ao prédio da Câmara Municipal, para evitar uma nova ocupação por parte dos grevistas.

Os manifestantes vão continuar em vigília em frente à Câmara de Vereadores, onde deve acontecer sessão hoje à tarde para votação do projeto que “reajusta” os salários dos servidores em 1,5%, enquanto as perdas salariais desde 1996 chegam a 71%.