Trabalhadores do Judiciário e das universidades paulistas vão realizar ato unificado no dia 23No dia 16 de junho, os servidores dos Judiciários Federal e Estadual de São Paulo deram uma grande demonstração de unidade e realizaram um poderoso ato público na praça João Mendes, seguido de uma passeata com mais de quatro mil participantes que tomou as ruas centrais da capital paulista.

A manifestação foi uma iniciativa das Associações dos Servidores do Judiciário Estadual, do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal (Sintrajud) e da Central Sindical, Popular e Estudantil eleita no Conclat (Congresso Nacional da Classe Trabalhadora). Os servidores em greve há mais de 40 dias lutam por reposição salarial e implantação de plano de cargos e salários (veja quadro das greves abaixo).

O clima de emoção pela unidade forjada no movimento e a indignação com a política dos governos Serra e Lula, que atacam os direitos dos trabalhadores e buscam impor o arrocho salarial aos servidores, foi reafirmada no microfone pelos representantes das organizações sindicais e políticas presentes. Eliseu Trindade, dirigente do Sintrajud e militante do PSTU, defendeu a unidade das lutas afirmando: “Tanto no governo federal como no estado de São Paulo temos a mesma política, é hora de unificar as lutas para derrotar esses governos”.

Para Luiz Carlos Prates, o Mancha, candidato a governador de São Paulo, os governos Lula e Serra estão atentos à crise econômica, que recomeça na Europa, por isso negam as reivindicações dos servidores e começam a aplicar aqui os mesmos planos de seus colegas da Grécia, Portugal e Espanha. “Eles são todos farinha do mesmo saco! Pretendem não só congelar os salários do funcionalismo, mas também demitir e liquidar as conquistas dos trabalhadores para salvar os lucros dos banqueiros, latifundiários e grandes empresários”, denunciou.

Para manter a unidade na luta, representantes dos comandos de greve do Judiciário e das universidades paulistas reuniram-se na sede da Central Sindical, Popular e Estudantil na última quinta-feira, dia 17, e aprovaram proposta de um novo ato público no dia 23 no mesmo local e hora. A ideia é repetir a manifestação para forçar os governos a atenderem as reivindicações. Além disso, os trabalhadores defendem os seguintes eixos:

  • Contra as terceirizações, sucateamento e privatização dos serviços públicos;
  • Em defesa de um serviço público gratuito e de qualidade;
  • Contra qualquer tipo de retaliação/punição e reversão dos descontos já efetuados nos salários de parte da categoria;
  • Contra o congelamento salarial;
  • Em defesa do pleno direito de greve.

    O PSTU, desde o início das greves, vem apoiando amplamente a luta dos trabalhadores públicos e tem dedicado todo seu esforço militante em defesa das reivindicações dessas categorias. Da mesma forma, defende a unidade dos trabalhadores em torno de suas reivindicações e das ações unificadas propostas pelas entidades dos servidores e da Central Sindical, Popular e Estudantil.

    Veja a situação das greves do funcionalismo

    Judiciário Federal
    A greve segue forte. Obtiveram uma vitória importante na semana passada, quando foi aprovado o PCS (Plano de Cargos e Salários) na Comissão do Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara Federal. Nesta semana tem caravana para Brasília, quando farão manifestação pública nacional em defesa de suas reivindicações. A greve se amplia nos principais estados do país.

    Judiciário Estadual
    A adesão é ampla, sendo que no Tribunal da praça João Mendes a participação é de 80% dos trabalhadores. A categoria reivindica 20,16%, mas o Tribunal continua intransigente, apresentando uma proposta muito aquém do que os servidores exigem. Alegam que o responsável é o orçamento limitado do governo tucano.
    Várias iniciativas estão sendo tomadas no campo parlamentar com a realização de reuniões com o Colégio de Líderes da Assembleia Legislativa durante esta semana. Dentro de dez dias deve ocorrer o julgamento do dissídio da categoria, porém, a greve segue e as associações realizam assembleia de avaliação dos rumos do movimento na próxima quarta-feira, dia 23.

    Universidades estaduais
    A proposta do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades do Estado de São Paulo), apresentada em reunião com o comando de greve, é inaceitável. Além de não apresentar nada de novo, insiste na quebra da isonomia, concedendo índices salariais rebaixados e diferenciados para técnicos e professores, e não se compromete sobre os descontos dos dias parados. A oferta, portanto, está bem aquém do que o movimento reivindica.

    Apesar do desgaste pelos mais de 40 dias de paralisação, multas para o sindicato e os descontos salariais para mais de mil trabalhadores, a greve continua firme. A assembleia realizada no dia 21 votou a continuidade da greve e a participação no ato unificado do próximo dia 23.

    O movimento, além de reivindicar reposição salarial e isonomia, também luta contra a proposta de privatização da USP que o reitor João Grandino Rodas vem tentando implementar através de intensificação das terceirizações e da busca de parcerias público-privadas (PPPs).

    Ministério do Trabalho e Emprego
    Em greve desde o dia 12 de abril, os servidores do Ministério do Trabalho e Emprego seguem firmea na luta pela implantação de um plano de carreira específico para o órgão. Na semana passada os grevistas foram em caravanas para Brasília exigir o atendimento de suas reivindicações. Uma plenária nacional, realizada após a manifestação, e que contou com a presença de representantes de 20 estados, aprovou a continuidade da greve por tempo indeterminado.

    O movimento já conquistou importantes vitórias na Justiça, como a queda do corte de ponto e a derrubada do processo do governo Lula de ilegalidade da greve. Essas vitórias fortaleceram a greve. Agora, a categoria aguarda julgamento do dissídio protocolado no Tribunal Superior do Trabalho.
    Post author Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional Provisória Central Sindical, Popular e Estudantil
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