Há uma frente entre o governo Lula, governadores e prefeitos em torno da reforma da previdência e do ajuste fiscal – com a “Lei de Responsabilidade Fiscal” -, para impor reajuste zero ou de 1% para todo o funcionalismo, desmontar seus planos de carreira e privatizar a Previdência Pública. A esse ataque, os servidores municipais estão respondendo com luta . No Estado de São Paulo já são cinco cidades – administradas pelo PT – com lutas de funcionários.

A mobilização nos municípios e estados, porém, não se restringe a São Paulo, elas pipocam pelo país. Unir todas essas lutas é o caminho para vencer.

GREVE NA PREFEITURA DE CAMPINAS

Sérgio Darwich, de Campinas (SP)

s funcionários municipais de Campinas estão em greve desde o dia 14 de maio. Eles reivindicam reposição de 30% das perdas salariais, reajuste automático a cada 5% de inflação e protestam contra reforma de previdência de Lula. A prefeita Izalene Tiene (PT), propôs reajuste zero para os trabalhadores.

Nos piquetes no Paço, a Guarda Municipal, por ordem da Secretária Von Zuben e da Prefeita, agrediram sindicalistas e trabalhadores. Além dos espancamentos, a Guarda pôs em cárcere privado 14 sindicalistas e piqueteiros.

Dia 19, o governo marcou “negociação”, na qual reafirmou o reajuste zero. A greve seguiu e se ampliou com passeatas, panelaços, abraços ao paço, piquetes em escolas, hospitais, e demais serviços. A própria Guarda Municipal aderiu à greve e o paço foi cercado por piqueteiros que impediram o acesso aos serviços.

A sede da prefeitura foi transferida para a estação FEPASA, na secretaria da Cultura ,que, junto com a da segurança, forja o bastião mais à direita da administração. O secretário de cultura, Walter Pomar, é apoiado por uma brigada de militantes da corrente Articulação de Esquerda, do PT, que, todos os dias, distribui panfletos atacando a greve, os piquetes, quando não tumultuam as assembléias com provocações e agressões.

Discurso de Esquerda, Política de Direita

A política da prefeitura é de arrocho, desmonte e privatização do serviço público. Ela emprega trabalhadores nas terceirizadas, sem os direitos do funcionalismo e com salários de fome. Trabalhadores das empresas de limpeza, como a Faísca, têm jornada de 9 horas e salário de R$ 290,00. Na Multiprof, – cooperativa de araque do governo petista – o salário é de R$ 170,00 e as trabalhadoras doentes não podem faltar, pois não se aceita atestado médico. Teve funcionária obrigada a trabalhar com a perna engessada, pois, do contrário, teria descontos diários.

Diz a prefeita que faltam R$ 27 milhões para completar a folha de pagamento, o 13° e horas extras e que, para reajustar os salários em 20%, precisaria de R$ 116 milhões. Mas, R$ 100 milhões são gastos com pagamento de juros e parcelas da dívida.
Há dinheiro para pagar juros e dívidas feitas por ex-prefeitos ladrões, mas não há para os salários. O governo de Izalene-PT promete também aplicar a reforma da Previdência de Lula. Por isso, na greve de Campinas, circula com sucesso o adesivo BASTA, IZALENE, criado pelo PSTU.

A greve traz à tona a falência do município provocada pela política neoliberal. Izalene aplica a Lei da Responsabilidade Fiscal, que proíbe os reajustes e a geração de novos empregos via concursos públicos e redução da jornada.
Até há pouco tempo, o governo petista alegava que era obrigado a aplicar a LRF, por esta ser federal e o governo ser FHC. Mas deu Lula lá e Izalene e o PT continuam aplicando a Lei do FMI.

EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO EM PÉ DE GUERRA

Rose Palmiro, do Simpeem

No último dia 15 de maio, cerca de 10 mil trabalhadores da Educação saíram às ruas em São Paulo. A data-base é em maio e o governo Marta não demonstra nenhuma intenção de atender as reivindicações. As perdas salariais neste governo já somam 21%.

A desconfiança e raiva contra o governo Marta é muito forte. Professores e funcionários são contra o projeto populista de distribuição de uniformes e kits escolares, ao “Vai e Volta” – que tem fachada assistencial, mas não corresponde às necessidades – e a construção dos escolões, CÉUS, proposta prioritária da Marta para a área. Haverá nova assembléia e ato dia 30, onde as outras entidades de servidores municipais também participarão.

Além de reivindicar 21% de reajuste, mais 10% de aumento real, os trabalhadores têm muita clareza da necessidade de derrotar a reforma da Previdência. Esta, ao acabar com a paridade e a integralidade, ataca não apenas a aposentadoria, mas também o plano de carreira. Essa reforma, em nível dos municípios, é a um só tempo uma contra-reforma previdenciária, administrativa e educacional, nos moldes do Banco Mundial. Por isso, vamos à Brasília no dia 11 de junho.

POLÍCIA DE GUARULHOS AGRIDE SERVIDORES

Sirlene, de Guarulhos (SP)

Os servidores municipais foram recebidos no dia 12 de maio com gás de pimenta e cassetetes na Câmara Municipal. Eles reivindicam 48% de reposição por seis anos de perdas, e R$ 10 de vale-refeição.

O prefeito Elói Pieta (PT) não quis negociar com o Sindicato dos Trabalhadores que, para fazer assembléias nos locais de trabalho, teve de enfrentar a repressão. Na Guarda Municipal, por exemplo, os diretores foram impedidos de entrar.

Sindicalistas ficaram na mira de armas de fogo – ordem do secretário de Segurança – e a liberação de diretores do sindicato que trabalham na Guarda foi suspensa.
Pietá não recebe o sindicato e enviou para a Câmara uma proposta de 1% de reajuste e R$ 60 de abono, o que causou indignação. No dia da votação, os trabalhadores foram para a Câmara. Lá, foram surpreendidos pela agressão da PM. Diz Sandra Esteves, diretora do Sindicato: “O prefeito Elói Pietá mente quando diz que o abono é aumento. O prefeito não tem argumentos, por isso usa medidas que lembram práticas da ditadura. Colocou a polícia para calar os trabalhadores, mas nós não vamos nos calar”.

GREVE EM ARARAQUARA

Os servidores municipais entraram em greve no dia 20. Quando fechávamos esta edição, estavam parados trabalhadores da Educação e do DAE – Água e Esgoto. Mas outros setores começam a aderir , como os da Administração, Serviço Social e Saúde.

O prefeito ameaça reprimir. Os grevistas concentram-se todos os dias após os piquetes no Paço Municipal. Eles reivindicam 22% de aumento e R$ 50,00 no vale-alimentação. A proposta do prefeito foi R$40,00 de abono e R$20,00 no vale-alimentação, condicionada a aceitação do banco de horas.
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