O dia 14 de maio, em Belo Horizonte (MG), foi o dia da greve unificada dos servidores públicos municipais. Com o lema “Os servidores e a população não pagarão a conta da crise: saúde, educação, transporte e moradia para todos”, os trabalhadores denunciaram à população a real situação dos serviços públicos da cidade, a não garantia de passe escolar aos estudantes e o problema do déficit de moradia que abrange mais de 60 mil famílias.

Servidores da saúde, administração, zoonoses, fiscalização, dentistas, médicos, trabalhadores da limpeza urbana e trabalhadores em educação pararam suas atividades e realizaram duas grandes manifestações em frente à Prefeitura.

As atividades iniciaram às 9h, quando os servidores municipais, organizados pelo Sindibel, começaram a chegar à Prefeitura em vários ônibus fretados. Foi o primeiro ato do dia, que reuniu cerca de 1.500 servidores. Eles receberam almoço garantido pelo sindicato para que pudessem aguardar a chegada dos trabalhadores em educação.

Às 14h, foi a vez dos professores e funcionários das escolas, dirigidos pelo Sind-Rede/BH, realizarem a sua assembleia na Praça da Estação. A assembleia também reuniu 1.500 pessoas. Logo após, saíram em passeata até a Prefeitura para se encontrarem com os demais servidores. Foi um grande e emocionante ato público.

Destaca-se a unidade construída entre os servidores e o apoio de centrais sindicais e de várias entidades sindicais e populares que distribuíram um manifesto conjunto em defesa da valorização dos servidores e dos serviços públicos destacando que “a crise econômica realmente é muito grave, entretanto não pode recair sobre as costas dos trabalhadores”.

“Ao invés de penalizar os servidores e a população mais pobre, o prefeito deveria reduzir todos os altos salários da prefeitura e do legislativo, a começar pelo seu próprio salário, que é de R$ 633 por dia. Devia rever todos os contratos milionários feitos entre a prefeitura, empreiteiras e grandes empresas fornecedoras; cortar a despesa milionária com publicidade e priorizar a maioria da população com serviços públicos de qualidade. O prefeito não pode imitar Lula que garantiu R$ 400 bilhões do recurso público para salvar bancos e grandes empresários e até está falando em repassar US$ 14,5 bilhões ao FMI, enquanto milhares de trabalhadores estão perdendo os seus empregos e o Estado está ficando sem recursos para garantir saúde e educação para a população”, diz o manifesto.

A Conlutas não mediu esforços para cercar de apoio a luta dos servidores para garantir a vitória da luta. Esta unidade é muito importante para fazer frente ao governo, pois o prefeito de BH, Marcio Lacerda (PSB), é conhecido como o prefeito da aliança, porque sua candidatura foi sustentada pelo PT e pelo PSDB. Este prefeito, reunido com os prefeitos que compõem a região metropolitana, acordaram entre si a proposta de reajuste zero para os seus respectivos funcionalismos e a diminuição de gastos públicos em função da queda da arrecadação dos municípios.

Segundo eles estas medidas reduzirão o impacto da crise sobre os municípios. A maioria dos municípios mineiros está sofrendo diretamente a crise econômica, pois grande parte deles sobrevivem com os repasses do Fundo de Participação dos Municípios, repasses este que tem diminuído, principalmente em consequência da política do governo federal de isenção do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).

As categorias em suas assembleias votaram a continuidade da campanha unificada e realizarão uma nova paralisação no dia 3 de junho. A proposta é fazer uma manifestação ainda maior na cidade. Os servidores municipais de BH estão mostrando o caminho que os trabalhadores devem tomar diante aos ataques aos nossos direitos e condições de vida: a unidade e a luta.

*Pedro Valadares é membro da Conlutas estadual de Minas Gerais