Apesar do papel nefasto cumprido pelas direções governistas, diversos setores mantêm a greveA greve dos servidores públicos federais se mantém em vários setores e o governo tem sido obrigado a negociar com diversas categorias em mobilização. A semana que passou foi marcada por intensas negociações em Brasília.

Embora não tenham conseguido alterar a lógica do governo de negociar em separado com cada uma das categorias, alguns setores em greve estão conseguindo mudar a essência das gratificações de produção impostas pelo governo. É o caso da proposta de acordo da Fenasps, por exemplo, que, se for efetivada, o que ainda não está garantido, constitui-se numa vitória parcial.

Mas mesmo o acordo da Fenasps, sendo uma vitória parcial nas circunstâncias atuais, não é um bom acordo; além de trazer embutidos erros pelos quais os servidores podem pagar caro no futuro, como é o caso da cláusula 5 do Termo de compromisso: “O Governo Federal, a Condsef, a CNTSS e a Fenasps reconhecem os compromissos firmados neste Termo de Compromisso como adequados ao atual quadro da demanda remuneratória dos servidores que representam…”. Como reconhecer como adequado, se não é um acordo ideal.

Contradições desse acordo à parte, o grande fato é que se houvesse uma greve unificada e forte no conjunto dos federais, certamente os patamares de negociação seriam outros.

Mas, o boicote à luta e à greve dos servidores, patrocinado pelas direções governistas, orientadas pela maioria da Executiva da CUT, não permitiu a unidade e a perspectiva de uma vitória sobre o governo. É preciso deixar claro que a maioria das direções da Fasubra e da Condsef, contribuíram para a implosão da unidade do movimento do funcionalismo, o que provocou o enfraquecimento da mobilização e permitiu uma vitória política do governo. Este fato esteve aliado à incompreensão de alguns outros setores sobre a necessidade de privilegiar uma pauta e a greve unificadas, e não as pautas específicas.

Nesse contexto e, apesar dele, vários setores continuam em greve e podem obter uma vitória parcial.

É preciso, no entanto, seguir atentos e cercar de solidariedade as greves que ainda não chegaram a acordos, como a do IBGE e da Unafisco.

Por outro lado, no ANDES, a mobilização começa a tomar forma. Sem proposta salarial por parte do governo, a categoria se prepara para uma greve nacional.

Já o “acordo” efetuado pelo governo com a Fasubra – em nome do qual ela puxou o tapete da greve unificada – já está sendo descumprido. Em reunião com representantes dessa federação, realizada no dia 27 de maio, os negociadores do governo voltaram atrás e informaram que a gratificação negociada não servirá como antecipação ao plano de carreira, mas apenas como estruturação de tabelas salariais. A direção da Fabsubra aceitou a lógica da gratificação, sem amarração ao plano de carreira, e deu margem para o governo romper o “acordo de boca”.

Post author Paulo Barela, diretor do Assibge-SN
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