Malabarismo em ato de São Paulo
Diego Cruz

Nesta quarta-feira, dia 18 de maio, diversas categorias do funcionalismo público federal cruzaram os braços. Houve paralisações de 24 horas em órgãos de vários estados com atos unificados nas capitais. As manifestações fazem parte do Dia Nacional de Luta e Paralisação dos servidores públicos federais, aprovado na última Plenária Nacional, em 24 de abril, em Brasília.

São Paulo: malabarismo contra arrocho
Em São Paulo, houve paralisações em órgãos federais como DRT, Ipen, Incra e Ibama. Além disso, os servidores da Justiça Federal e da Unifesp também paralisaram suas atividades. À tarde, os servidores realizaram um grande ato na Avenida Paulista, em frente ao prédio da Justiça Federal.

Como os servidores fazem mágica e malabarismo com o salário para poder garantir a sua sobrevivência com tantos anos de arrocho, dois artistas representaram essa idéia no ato. Além disso, foi amplamente distribuída uma carta aberta explicando à população os motivos da paralisação, junto com uma bala, simbolizando o baixo valor do “reajuste” de 0,1% proposto pelo governo este ano.

“Já são dois anos de negociação e de muita enrolação. Agora vem esse 0,1%, que é uma piada de mau gosto, muito bem representada nesse ato”, falou Adílson Rodrigues, servidor da Justiça Federal, referindo-se aos malabaristas que se apresentavam durante o ato.

O governo Lula foi duramente criticado. “Lula é cópia piorada do governo FHC. A corrupção é somente uma das faces da política de privilegiar as elites. É corrupção de um lado e, de outro, reforma da Previdência e reajuste de 0,1%”, afirmou Dirceu Travesso, da Oposição Bancária e da direção do PSTU, que prestou solidariedade aos servidores. Além dos bancários, também estiveram presentes apoiando os servidores representantes dos trabalhadores metroviários e dos Correios.

Paralisações em todo o país
Em Santa Catarina, cerca de mil servidores realizaram uma manifestação na capital, Florianópolis. Apesar da forte chuva que caía, os servidores marcharam pela cidade contra o arrocho salarial do governo. Várias categorias pararam, como os servidores da Universidade Federal de Santa Catarina e os trabalhadores da Previdência. No ato, o presidente da CUT foi vaiado na maior parte de sua intervenção.

Em Pernambuco, pararam servidores da Universidade Federal, funcionários da DRT, do Incra, da Funai e da Funasa. No Pará, a adesão foi forte com paralisação no INSS, Funasa, Incra, Ibama, Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), Agricultura, Funai, Cultura, escolas técnicas e a universidade federal. Ainda no Pará, houve passeata até o Ministério da Fazenda e distribuição de bombons, representando o “reajuste” de 0,1%.

Na Bahia, órgãos da Fazenda, Agricultura, Ibama, DRT e Incra paralisaram na capital e no interior. No Ceará pararam servidores da Funai, Funasa, Incra, INSS, a Universidade Federal, Cultura, Ibama e Fazenda. O IBGE paralisou os órgãos em nove estados do país.

Greve no começo de junho
Os servidores públicos federais estão em campanha salarial desde o dia 15 de março. A principal reivindicação da categoria é o reajuste emergencial de 18%, referente às perdas salariais dos dois anos do governo Lula. Quando eleito, Lula prometeu que em seu governo os servidores públicos não sofreriam defasagem salarial.

O governo recebeu a pauta das reivindicações dos servidores no inicio de maio e tinha até o dia 17 para dar uma resposta. Porém, durante reunião com a Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais), o governo afirmou que não concederia nada além dos 0,1%. No próximo dia 22 de maio será realizada uma nova plenária dos servidores em Brasília para discutir os rumos da campanha salarial. Nessa plenária, será discutido o indicativo de greve já apontado no mês passado, de greve nacional por tempo indeterminado para o início de junho.