Depois do titubeante lançamento da campanha salarial 2005 em março, os servidores públicos federais finalmente dão um passo decisivo para a unificação e o fortalecimento da categoria. A plenária nacional dos servidores do dia 24 de abril significou uma importante vitória, unificando a categoria em torno de um índice emergencial e de um calendário unitário para a campanha salarial.

Os servidores definiram o índice emergencial de 18% de reajuste, referente às perdas sofridas pelo funcionalismo durante o governo Lula e aprovaram uma paralisação unificada no dia 18 de maio, com indicativo de greve para a primeira quinzena de junho. Os servidores também aprovaram a realização de plenárias setoriais no dia 21 de maio e uma nova plenária nacional no dia seguinte, em 22 de maio.

A plenária, que contou com 350 delegados e observadores, deliberou o seguinte eixo para o dia nacional de luta, no dia 18 de maio: “Contra a política econômica neoliberal do governo Lula e por uma política salarial que reponha as perdas do funcionalismo federal”. Além disso, foram mantidos os eixos gerais da campanha salarial, como Paridade entre ativos e aposentados, DPC (Diretrizes para Plano de Carreira), política de reajuste anual pelo ICV/Dieese, incorporação das gratificações e revisão dos valores de benefícios sociais.

Os servidores decidiram ainda participar dos atos de luta do 1º de Maio, tendo como bandeiras a campanha salarial, a luta contra as reformas neoliberais de Lula e contra o imperialismo norte-americano.

Dando a volta por cima
Apesar de, no lançamento da campanha salarial, os servidores terem definido o eixo “Contra a reforma Sindical e Trabalhista do governo Lula”, o movimento não havia definido um índice de reajuste que unificasse o funcionalismo. Desta forma, a campanha corria o risco de sair dividida já no início da mobilização. Além disso, as plenárias nacionais, que já deveriam ter ocorrido nos dias 16 e 17 de abril, foram injustificadamente adiadas por causa das plenárias estaduais da CUT.

No entanto, as direções governistas não conseguiram impedir a realização da plenária no dia 24 e a aprovação dos 18% já. O índice toma como mote a promessa de campanha de Lula, de não deixar acontecer defasagem salarial do funcionalismo em seu governo. Como todas as outras promessas, essa também foi descumprida. Este ano, Lula ofereceu o ridículo “aumento” de 0,1%.

Defasagem
Além dos 18% de defasagem salarial só durante o governo Lula, os servidores federais acumulam, de janeiro de 1995 a dezembro de 2004, cerca de 144% de corrosão em seus vencimentos. Uma das reivindicações da Campanha Salarial é a elaboração de uma política salarial que recomponha as perdas desde 1995.