Os servidores públicos federais da área da Cultura iniciaram na semana de 11 a 15 de abril um movimento de greve nos estados. Estão sendo feitas assembléias nos locais de trabalho e na maioria dos locais os servidores estão aprovando greve por tempo indeterminado. Isso ocorreu após um informe de que a última reunião da Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Federais) com o governo apenas resultou no agendamento de outra reunião. Há tempos a política do governo vem sendo a de enrolar os servidores, marcando reunião atrás de reunião.

A greve está se espalhando nacionalmente. Em São Paulo, desde o dia 13 estão parados os serviços na Cinemateca Brasileira, no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e na Biblioteca Nacional, sendo que Funarte e o Museu Lasar Segall também fizeram paralisações. Na Bahia os serviços também estão parados desde o dia 13. No Rio de Janeiro, os servidores estão com uma greve forte desde o dia 4 de abril. As superintendências do IPHAN de Florianópolis, Fortaleza e Minas Gerais estão paradas.

A greve dos servidores da Cultura é uma parte do problema vivido pelos servidores públicos federais de conjunto. O governo Lula anunciou no início do ano que daria o “reajuste” de 0,1% à categoria. Isso depois de perdas acumuladas em 144% desde 1995.

Porém, o caso dos servidores da Cultura é ainda mais grave. Esses servidores reivindicam urgência para sua pauta de reivindicações, pois são o setor que possui o menor salário base do serviço público federal, em torno de R$ 500. Os servidores do Ministério da Cultura já realizaram uma greve no final de 2004, com a mesma pauta de reivindicações que exigem hoje: a implementação de um novo Plano Especial de Cargos da Cultura e a antecipação da gratificação da nova tabela. Soma-se a isso a necessidade de mais verbas para a área de Cultura e de reajuste linear dos salários.

A área da Cultura foi uma das que mais sofreu com os cortes orçamentários do governo no início de 2005. As verbas para o Ministério da Cultura, que somavam apenas 633 milhões (R$ 200 milhões a menos que o governo gastou com publicidade em 2004), sofreram um corte de 53%. Ou seja, o governo cortou mais da metade das verbas para a Cultura, que já eram poucas.