Segurança da Alerj. Diretor do Sepe, Gualberto Pitéu, e diretora do Sintuperj, Wanja Mionteiro
Samuel Tosta / Sintuperj

Greve da Educação dura 42 dias e enfrenta intransigência do governo de Rosinha e GarotinhoNa tarde de 26 de abril, uma manifestação conjunta do setor de educação do Rio de Janeiro, em greve por reajuste salarial, foi duramente reprimida pelo governo Rosinha Matheus (PMDB). Os servidores da rede estadual, da Uerj e da Faetec estavam no plenário da Assembléia Legislativa (Alerj) para acompanhar uma audiência pública sobre saúde e educação.

Durante a audiência, os manifestantes reivindicaram que o presidente da casa, deputado Jorge Picciani (PMDB), recebesse uma comissão com um representante de cada entidade, para que ele conversasse com a governadora sobre o atendimento às reivindicações da categoria. Picciani concordou em receber os sindicalistas desde que o plenário fosse desocupado.

Gualberto Tinoco, o Pitéu, dirigente do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) e militante do PSTU, conta que “quando começávamos a orientar as pessoas para a saída, a segurança da Câmara iniciou uma agressão generalizada”. Os seguranças tentaram retirar os manifestantes à força do plenário, agredindo-os com socos, pontapés e gás de pimenta. A violência deixou 10 feridos. Gualberto conta que foi retirado do meio dos manifestantes e agredido. “Me levaram para outra sala, me separaram do restante das pessoas, e lá me agrediram de toda forma possível, inclusive com uma cabeçada que me deixou um corte no nariz e hematoma”, disse o sindicalista.

Já do lado de fora, com várias pessoas feridas e passando mal, a pancadaria continuou, com o batalhão de choque da polícia militar. Os manifestantes fecharam o trânsito. O professor da rede estadual Umberto dos Santos foi brutalmente agredido e levado para um camburão, mas os manifestantes conseguiram resgatá-lo. Umberto está com suspeita de fratura em um braço.

Servidores do judiciário são agredidos no mesmo dia
Não foram só os servidores da educação que sofreram agressões neste dia. A poucos metros dali, no Fórum de Justiça, os servidores do judiciário, que faziam uma paralisação de 48 horas nos dias 26 e 27, também apanharam. Um dos servidores ainda está internado no hospital, tal a gravidade das agressões.

Após o ocorrido, os servidores do judiciário foram até a Alerj para se encontrar com os servidores da educação e finalizar em um protesto conjunto. Gualberto denunciou que o dia 26 “foi um dia de pancadaria generalizada do governo Rosinha contra os servidores, sejam da saúde, da educação ou do judiciário”.

Nova assembléia dia 28
Ao final do dia, os servidores da educação finalmente conseguiram se reunir com Jorge Picciani, que se comprometeu a, num prazo de 48 horas, conversar com a governadora Rosinha Matheus.

A greve do setor já dura 42 dias e entra agora em uma etapa decisiva. Os professores e funcionários das escolas estaduais estão há 10 anos sem reajuste e reivindicam um reajuste de 34,65%. O governo se recusa a atender a categoria, afirmando que não há condições financeiras para conceder o reajuste. Uma nova assembléia da categoria ocorrerá no dia 28, às 14h, para discutir os rumos da greve.

A greve ocorre em um momento em que Garotinho e a governadora são alvos de diversas denúncias de corrupção. Reportagens mostram o esquema de doações a campanha de Garotinho, feito por empresas com sócios fantasmas, e que tem sido beneficiadas com contratos com o governo estadual. Um delas tem como sócia uma moradora de uma favela. Ela assinou um documento sem saber do que se tratava, acreditando em uma promessa de emprego.