Yara Fernandes,
da redação
Os servidores do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares) estão em greve desde o dia 17 de outubro, em defesa da implementação da nova tabela salarial da Ciência e Tecnologia. Além do Ipen de São Paulo, também há greve nos Institutos de Poços de Caldas, Belo Horizonte, Goiânia, Recife e Rio de Janeiro.

O Ipen usa a tecnologia nuclear em pesquisas e produção de medicamentos e tratamentos médicos. Diante da intransigência do governo, os servidores radicalizaram a greve, parando a produção dos radiofármacos, produtos usados em exames diagnósticos e tratamentos de câncer. A adesão chamou a atenção da mídia e do governo. Uma reunião de negociação finalmente foi marcada para o dia 5 de dezembro com o Planejamento.

Mas, ao contrário do que a imprensa e o governo querem fazer parecer, a maior preocupação com a paralisação na produção não é a vida ou a saúde das pessoas. Os medicamentos usados em tratamentos, como Samário (que alivia a dor) ou Iodo (para tireóide), são estocados. A maior preocupação é a falta do Flúor, que tem vida curta e não pode ser estocado, usado em exames diagnósticos de ponta. Um exame desses custa entre 4 a 6 mil reais e, evidentemente, não existe no SUS.

Não demorou para a Justiça ser acionada. Neste 3 de dezembro, uma decisão determinou que 40% dos servidores devem voltar ao trabalho, garantindo o setor da produção, sob pena de multa. A decisão tem como base a recente determinação do Supremo Tribunal Federal, que afirma que as greves no serviço público devem seguir as mesmas regras da iniciativa privada. O Sindsef-SP e a Assipen vão tentar na Justiça reverter isso. E, até o fechamento desta edição, a greve do Ipen seguia forte, exigindo negociação.

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