Luizianne Lins (PT), prefeita de Fortaleza, vive o seu “inferno astral”. Eleita sob a expectativa de amplos setores populares e da juventude, tem pautado o seu governo pelo enfrentamento com os servidores municipais, em particular com os professores, que protagonizaram três greves na primeira metade do seu mandato. Originária da “esquerda” do PT conquistou a simpatia de setores burgueses por manter-se nos limites do “modo petista de governar”.

Entretanto, as proximidades das eleições municipais produziram rachaduras na unidade em torno da administração “Fortaleza Bela”. A oposição de direita, visando às eleições municipais, tem explorado os gastos do Réveillon passado, os quais a prefeitura não consegue explicar. Por outro lado, as chuvas de verão demonstraram que a falta de investimento na periferia da cidade produz unicamente caos para as camadas mais pobres da população.

O mais importante, contudo, é a experiência dos movimentos sociais com Luizianne. Com quase dois anos e meio de gestão, a prefeita tem se caracterizado pelo ataque aos trabalhadores, fato que tem provocado à ampliação do leque dos que lutam contra os seus planos de fome. Em Fortaleza, uma auxiliar de enfermagem tem um salário-base de R$ 270, ou seja, abaixo do salário mínimo.

Como resultante dessa superexploração, os agentes administrativos – através de um rico processo de auto-organização – realizaram a primeira greve da história desses que constituem um dos segmentos mais espoliados da categoria municipária. No dia 20 de março realizaram uma manifestação que tomou conta de várias artérias da cidade, culminando com um ato público em frente à Prefeitura Municipal.

O ato dos agentes se caracterizou pelo bom humor e pela sátira política, inclusive com direito a uma recriação do réveillon. A Conlutas, que esteve presente na mobilização, saudou o fecundo processo de auto-organização dos agentes administrativos, que tiveram na reta final de preparação do evento o apoio do Sindifort, entidade com a qual a Coordenação Nacional de Lutas mantém relações cordiais.

O próximo passo será a assembléia unificada da categoria, que ocorrerá no dia 4 de abril. Pode ser o sinal de partida de uma greve unificada do funcionalismo do município.