Trabalhadores continuam mobilizados por reajuste e mais verbas para a universidadeApós nove meses e sete dias de greve, os servidores técnicos administrativos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) decidiram suspender a greve, mas manter o estado de mobilização. A decisão ocorreu na assembléia do dia 28 de março, após negociação com a reitoria da UERJ, onde foi firmado um termo de compromisso que revoga a aplicação do Código 103 (corte de ponto), estabelece que nenhuma punição aos grevistas será feita, assim como a formação de uma comissão conjunta para discussão e reapresentação do Plano de Cargos e Carreiras (PCC) e a discussão da pauta interna de reivindicações.

Os servidores retornaram ao trabalho com muita disposição de continuar a luta pelas reivindicações, pois o período de greve permitiu avançar na organização da categoria e no fortalecimento do SINTUPERJ (Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas e Estaduais – RJ). Durante a greve, o enfrentamento contra a política de privatização da universidade, expresso no corte de verbas da UERJ, permitiu não só desmascarar o governo Rosinha Garotinho (PMDB), mas também a farsa da reforma Universitária.

A greve foi um importante fator de resistência contra novos e maiores ataques, e também de protesto ao processo de sucateamento pelo qual passa a UERJ. A partir de denúncias do SINTUPERJ, a Delegacia Regional do Trabalho interditou as caldeiras do Hospital Universitário Pedro Ernesto, a Vigilância Sanitária fechou o Laboratório de Anatomia Humana da Faculdade de Medicina e o Ministério Público abriu processo para apuração de contratos irregulares na UERJ, obrigando, dessa forma, a reitoria a tomar medidas e romper com a omissão e a negligência reinantes até então.

A greve da UERJ polarizou a comunidade universitária e comprovou definitivamente a falência da CUT. Durante toda a greve, a CUT ligou para o sindicato apenas para cobrar as mensalidades. Enquanto isso, a Conlutas apoiou incondicionalmente o movimento dos servidores da UERJ e procurou, inclusive, expandir a luta para outras categorias. Assim, apesar da greve não ter obtido as reivindicações salariais, os servidores não estão derrotados, porque este processo permitiu, sobretudo, construir uma nova direção para a luta dos trabalhadores. Está marcado para o próximo dia 7 uma assembléia para dar continuidade à mobilização. Também está previsto para a metade de 2005 o Congresso do SINTUPERJ, que irá definir, entre outras questões, a relação com a CUT.

Aqueles que atacam a greve ou seus métodos, como faz o PCdoB em seu site, na realidade, fazem o jogo da reitoria, dos governos Rosinha Garotinho e Lula, que perseguem os trabalhadores para aplicarem seus projetos neoliberais.

Post author José Eduardo F. Braunschweiger, do Rio de Janeiro (RJ)
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