O lançamento da pré-candidatura de José Serra à Presidência ocorreu acompanhado de forte exposição na mídia.

Mostrando um PSDB unido, com Aécio Neves desistindo da disputa presidencial e Geraldo Alckmin candidatando-se novamente ao governo de São Paulo, Serra chegou empacotado numa embalagem publicitária.

O antipático Serra quer sensibilizar o povo, posando de bom moço. Uma forma de enganar consciências e vender gato por lebre. Num momento de alta popularidade do governo, o tucano quer fugir de um perfil de oposição para apresentar-se como o candidato mais preparado, capaz de ser o “pós-Lula”. Inspirando-se no bordão de Barack Obama, os tucanos vão tentar dizer que, com Serra, “o Brasil pode mais”.
A entrada de Serra na campanha parece ter animado a burguesia, que em geral prefere algum representante direto na gestão do Estado. Na reeleição de Lula foi diferente, a maioria dos banqueiros e empresários reconheceu que este governo foi o melhor gestor dos seus negócios. Agora, nem Serra, nem Dilma podem jogar a crise nas costas dos trabalhadores com a mesma eficácia de Lula.

Quem lembra de FHC não quer o PSDB de volta
Uma das frases mais célebres do ex-presidente FHC foi “esqueçam o que eu escrevi”. Mas como esquecer os anos de governo FHC no Brasil e desconhecer os 15 anos de PSDB no governo do estado de São Paulo?

Uma das características dos tucanos é a arrogância, típica de uma burguesia dependente do imperialismo. Os tucanos adoravam posar de “modernos e globalizados” quando aplicavam o receituário neoliberal no Brasil.

Agora que o termo neoliberal virou palavrão e parte de seu receituário sofre forte rejeição das massas, como é o caso das privatizações, ninguém quer ser pai da criança.

Mas as dez regras básicas do chamado “Consenso de Washington”, receituário neoliberal para a América Latina, foram aplicadas no Brasil por FHC e continuaram sendo aplicadas por Lula: disciplina fiscal; redução dos gastos públicos; reforma tributária; juros de mercado; câmbio de mercado; abertura comercial; investimento estrangeiro direto, com eliminação de restrições; privatização das estatais; desregulamentação (flexibilização das leis econômicas e trabalhistas); direito à propriedade intelectual.

FHC manteve a abertura comercial iniciada por Collor e valorizou a moeda brasileira, inundando o país de produtos importados. O déficit com o exterior significou durante os anos FHC uma transfusão de sangue, na qual as riquezas do país eram sugadas pelo imperialismo. Os países ricos ganhavam em todas as pontas: na balança comercial (o Brasil importava mais do que exportava), no pagamento da dívida, nas remessas de lucros para o exterior, que deram um salto com as privatizações, e na desnacionalização das empresas brasileiras.

O endividamento interno movido às altas taxas de juros bateu o recorde de R$ 729 bilhões, e o rombo nas contas no exterior chegou a 400 bilhões de dólares.
FHC vendia a preço de banana as estatais e ainda emprestava dinheiro do BNDES para as multinacionais as “comprarem”. O tucano concluiu a venda dos ativos industriais e de mineração, como a Vale; privatizou as telecomunicações, grande parte do setor elétrico, ferrovias, rodovias e a maioria dos bancos estaduais, incluindo o Banespa. Além disso, quebrou o monopólio estatal do petróleo vendendo parte expressiva das ações da Petrobras na Bolsa de Nova Iorque.

FHC aumentou a exploração da classe trabalhadora, avançando na flexibilização e retirada de direitos, atacando a aposentadoria, os direitos sociais e trabalhistas, os serviços públicos e o funcionalismo.

15 anos de PSDB em São Paulo mostram que com Serra o Brasil não pode mais
As gestões de Mário Covas, Alckmin e Serra, sempre comprometidas com o “ajuste fiscal” exigido pelo FMI, liquidaram o patrimônio público e cortaram gastos sociais para obter superávit nas contas públicas e destinar dinheiro ao pagamento das dívidas aos banqueiros.

Em São Paulo, o PSDB privatizou o Banespa, a Fepasa, o Ceagesp e todo o setor de energia elétrica. Saíram do controle do Estado e do país as empresas de distribuição de eletricidade, de geração de energia e de gás (Comgás).
Serra iniciou ainda novo ciclo de privatizações, envolvendo empresas subsidiárias da Nossa Caixa e a CTEEP (Companhia de Tansmissão de Energia Elétrica Paulista). Vendeu a Nossa Caixa (comprada pelo Banco do Brasil) e chegou a levantar o patrimônio de 18 estatais restantes para privatizá-las, incluindo o Metrô.

Outra marca do PSDB é a privatização de estradas e a multiplicação dos pedágios. Eram 40 em 1997. São 163 em 2010. Enquanto a inflação cresceu 99% entre 1998 e 2009, as tarifas dos pedágios subiram 174%. Uma viagem de São Paulo a São José do Rio Preto, por exemplo, custa R$ 118,40.

Acompanhando as políticas do Banco Mundial e do governo federal, os tucanos têm transformado a vida dos professores num inferno. Se FHC colocou os tanques nas refinarias em 1995 para derrotar a greve dos petroleiros, os governadores paulistas não ficaram atrás na repressão e criminalização dos movimentos sociais. Serra invadiu a USP, a PUC e a Fundação Santo André. Desde a ditadura, a polícia não invadia universidades.

Nem Serra, nem Dilma! Nem Alckmin, nem Mercadante!
Uma alternativa classista e socialista para o Brasil e para São Paulo

PSDB e PT querem que fiquemos prisioneiros de uma falsa polarização entre eles, como se representassem dois projetos opostos. Porém, nem Dilma, nem Mercadante mudarão o Brasil e São Paulo. Menos ainda Serra e Alckmin podem significar avanço e esperança de um futuro melhor.

O PSTU rejeita frontalmente a oposição de direita. Mas o PSTU situa-se também como oposição de esquerda ao governo Lula e ao PT. Por isso, nosso partido apresentará candidatura à Presidência do Brasil e ao governo de São Paulo.

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