A greve dos metroviários de São Paulo, nos dias 2 e 3 de agosto, agitou a capital paulista. Os trabalhadores reivindicavam aumento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e sua distribuição igualitária. Mas a empresa, além de oferecer uma quantia insuficiente, determinou valores discriminatórios entre os funcionários.

Tão logo os trabalhadores cruzaram os braços, o governo, aliado à direção da empresa e à imprensa, começou uma brutal campanha contra os metroviários, a fim de jogar a população contra o movimento. Matérias sensacionalistas atacavam a categoria, enquanto o governo de José Serra (PSDB) anunciava demissões como represália.

Como se isso não bastasse, a direção da empresa, de forma irresponsável, resolveu substituir os operadores dos trens por funcionários de outras áreas. Supervisores, engenheiros e até jornalistas foram colocados para operar as máquinas, sem o preparo necessário para a tarefa. A manobra da empresa colocou a vida de milhares de passageiros em perigo.

Junto com a operação fura-greve, a Justiça considerou a greve ilegal, multando o sindicato e forçando os metroviários a voltar ao trabalho na noite do dia 3.

Sindicato impede vitória
A política da atual maioria da direção do sindicato, ligada ao PCdoB, foi decisiva para a derrota da greve. Primeiro o sindicato recuou vergonhosamente nas negociações durante a campanha salarial, enfraquecendo a luta da categoria. Além disso, a oposição já havia alertado para a necessidade de armar um esquema para impedir a ação dos “fura-greves”, fruto da experiência da paralisação realizada no dia 23 de maio. Porém, o sindicato nada fez.

O sindicato também não realizou uma contraposição à campanha massiva da imprensa. A oposição à atual diretoria, por sua vez, colocou também a necessidade de manter a categoria mobilizada, propondo a realização de uma nova assembléia para o dia 6. A maioria da direção, no entanto, foi contra.
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