Para viver nas casas que constrói diariamente, operário da construção civil estima que deveria trabalhar por mais um séculoAntônio Alves Pereira é operário da construção civil de Fortaleza, capital cearense, desde 1974. Mesmo com 35 anos de trabalho, ele ainda não pode se aposentar, pois na carteira contam somente 21 anos. Hoje com 54 anos de idade, Antônio conseguiu há pouco mais de cinco anos comprar um lote no Velho Timbó, bairro operário do município de Pacatuba, a 25 km de Fortaleza. Com muito sacrifício, ele construiu sua casa, onde mora com a esposa e duas filhas.

Atualmente, Antônio está desempregado, trabalhando mais uma vez em serviços avulsos. Há pouco tempo, recebeu suas contas da última obra em que participou: um condomínio fechado no bairro do Eusébio com 21 casas, todas já vendidas por cerca de 500 mil reais. Como a distância da casa ao local de trabalho era muito grande, o operário passava a semana inteira distante da família, dormindo no próprio local de trabalho. Junto com ele, vários outros trabalhadores, vindos em especial de municípios vizinhos a Fortaleza. “A patronal prefere trabalhadores vindos da zona rural e com pouca instrução, porque assim pode demitir com menos de um ano e não pagar os direitos” diz.

Perguntado sobre quanto tempo de trabalho seria preciso para que ele pudesse viver numa casa nos moldes das que recentemente construiu, respondeu sem pensar duas vezes: “No mínimo mais uns 100 anos”.

Em 2002, seu Antônio votou e fez campanha para eleger Lula. Hoje, não esconde a frustração: “Foi uma decepção muito grande. Agora, então, nem se fala com esse caso do Sarney. PT, PSDB e Sarney são tudo a mesma coisa”. Também não acredita no “Minha Casa, Minha Vida”. O operário diz que necessário um programa como esse, mas não acredita que Lula vá garantir casa para os mais pobres.

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