O senador do PMDB do Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves Filho, assumiu a presidência do Senado no último dia 12. Sua primeira missão, fracassada, foi conduzir a votação da CPMF. Garibaldi substitui Renan Calheiros, do mesmo partido, que renunciou ao cargo para escapar da cassação, em acordo firmado entre governo e oposicionistas da direita.

Nome único na disputa, o senador foi eleito com 68 votos a favor, apenas oito contra e duas abstenções. A escolha do nome foi consenso entre governo e oposição, preocupados em recuperar a legitimidade do Senado após o escândalo envolvendo Calheiros e sua absolvição sumária. Em seu discurso de posse, Garibaldi afirmou que sua prioridade no cargo, que deve exercer por apenas um ano, será a recuperação da imagem do Senado.

O governo preferia o nome do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) para presidir a Casa. Sarney tornou-se aliado incondicional do governo e afetuoso amigo de Lula. Porém, com a recusa do senador, aceitou o nome de Garibaldi para a tarefa. O senador potiguar não vai reverter o desgaste do Senado e das instituições, mas dificilmente teria alguém que representasse melhor a casa que ele.

Com o pé na lama
Ex-deputado e governador por seu estado, Garibaldi está metido até o pescoço em inúmeras suspeitas de corrupção. Garibaldi deixou o governo potiguar em 2002 para disputar uma vaga no Senado.

O vice do então governador do Rio Grande do Norte, Fernando Freire (PMDB), foi preso no último dia 5 em Brasília pela Polícia Militar. Freire foi detido por envolvimento em um esquema de corrupção da época que fazia parte do governo Garibaldi. O ex-vice é acusado de peculato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Fernando Freire assumiu o governo do estado quando Garibaldi renunciou para disputar o Senado.

Como se isso não bastasse, denúncia do Ministério Pública afirma que sua campanha para o Senado foi coberta por caixa 2 formado por desvio de verba do governo. Segundo a denúncia, pelo menos R$ 210 mil foram desviados através da Polis Propaganda e Publicidade.

Garibaldi também é acusado de ser um dos donos da TV Cabugi, de Natal. O jornal Folha de S. Paulo publicou notícia em que revela que o nome do senador aparece em cadastro da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) como um dos sócios da emissora. Parlamentares não podem ter veículos de comunicação. Após a publicação da notícia e a confirmação de Garibaldi para a presidência do Senado, o Ministério das Comunicações simplesmente retirou o nome do senador da lista.

Ciente de suas limitações, Garibaldi pediu, durante seu pronunciamento de posse, ajuda aos senadores para presidir a Casa. “Estejam sempre atentos, caros colegas, sempre vigilantes, sempre perto de mim, prontos para me advertir se fraquezas humanas ou políticas me tentarem a desviar-me, mesmo que involuntariamente”, pediu.

Pelo histórico do Senado, o novo presidente pode ficar tranqüilo. Seus pares já demonstraram sua condescendência com todo o tipo de “fraqueza humana”.