O Senado aprovou, no dia 10 de agosto, um aumento do salário mínimo para R$ 384,29. A mudança brusca ocorreu durante a votação da Medida Provisória que aumentava o salário mínimo para R$ 300 em 1º de maio. Durante o debate no Senado, o senador Antônio Carlos Magalhães, aproveitando-se do desgaste do governo, apresentou a emenda fixando os R$ 384,29.

Com a mudança, a medida deve voltar à Câmara, que, provavelmente fará o valor permanecer como estava, contando com o esforço conjunto do governo. Em caso de derrota na Câmara, Lula ainda poderá vetar o aumento.

O PFL fez essa proposta sabendo que ela será revertida posteriormente, mas que, até lá, pode contribuir para o desgaste do governo. Tanto o PFL quanto os outros partidos da direita quiseram dar o troco ao PT, pela divulgação de uma lista pelo petista Paulo Pimenta na CPI do Mensalão. A lista, com 90 nomes, nomeia recebedores de todos os partidos, principalmente do PSDB, mas só traz um nome petista.

Mas a votação mostrou que a crise é maior do que aparenta. A alteração foi aprovada por 30 votos a favor, 27 contrários e 5 abstenções. Além dos partidos da direita, 11 senadores de partidos da base aliada, sendo 2 petistas, deram votos contrários ao mínimo de R$ 300.

O ministério da CUT
O ex-presidente da CUT e agora ministro do Trabalho, Luiz Marinho, já se apressou em se contrapor ao aumento aprovado pelo Senado. Marinho deu declarações dizendo que a Câmara deve agir “com responsabilidade“ e aprovar o salário mínimo de R$ 300.

“O Congresso tem que estar em sintonia e verificar se a recuperação desta natureza [R$ 384,29] para o salário mínimo é suportável pela economia, é suportável pelos municípios, para a Previdência Social“, disse o novo ministro, na mesma cantilena de Fernando Henrique e de Lula.

Durante seu discurso de posse em 15 de julho, Marinho afirmava com todas as letras que o aumento do salário mínimo seria sua prioridade como ministro. Menos de um mês depois, nem bem esquentou a cadeira, Luiz Marinho se desmente e mostra ao que veio.