Operários encerram seminário com entusiasmo
Gleidson Santos

No dia 17 de maio, representantes de mais de dez sindicatos de trabalhadores do setor da construção civil reuniram-se em Belém para planejar a unificação da campanha salarial. O sindicato de Belém e Ananindeua, dirigido pela Conlutas, foi um dos principais responsáveis por este vitorioso evento que contou com cerca de 100 operários eleitos nos vários canteiros de obra da cidade e outras dezenas de sindicalistas de todo o estado.

No seminário, foi discutido o grande crescimento econômico que a construção civil vem atingindo no estado, a intensificação da competição entre as empresas pelo mercado e a reestruturação produtiva que gera um aumento brutal da exploração do operário através das metas de produtividade, dos baixos salários, da terceirização dos serviços, do desrespeito aos direitos trabalhistas e causa uma série de doenças devido ao ritmo frenético de trabalho e um aumento dos acidentes fatais. Em 2007, só em Belém, foram 11 mortes.

Está é divisão do capital enquanto o crescimento econômico e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de Lula jogam milhões de reais nos bolsos das grandes empresas resta aos operários trabalharem exaustivamente por salários que mal garantem a alimentação de suas famílias.

Foi mostrada, também, a forma de organização local, nacional e internacional da patronal e denuncio-se a ligação dos governos e dos parlamentares aos interesses desses empresários que ano após ano, vem patrocinando as campanhas eleitorais burguesas. O maior exemplo no Pará é o senador Flexa Ribeiro (PSDB), dono de uma das maiores construtoras paraenses. Em contraposição, para enfrentar a patronal, foi apontada a necessidade de se fortalecer os sindicatos de base, a campanha salarial unificada em todo o estado, a participação no Congresso da Conlutas como alternativa nacional para os lutadores e no Encontro Latino Americano e Caribenho (Elac).

Logo após o debate sobre conjuntura e análise do setor, o plenário foi dividido em grupos para ampliar o debate e fazer avançar a elaboração das pautas de reivindicação da campanha salarial. À tarde, aconteceu a plenária final, em que foram votadas todas as propostas. Os presentes sabem que não será fácil arrancar dos patrões as reivindicações aprovadas. Porém também sabem que esta será uma campanha muito mais forte, pois os trabalhadores estarão unificados num estado com dimensões de um país. Caso seja necessário, os operários vão parar todo o estado, dos luxuosos prédios da capital até os grandes projetos da Vale no interior.

Ativistas de outras categorias estiveram prestigiando o evento através de várias saudações, como o professor Abel Ribeiro, representante da Oposição Alternativa Conlutas na Educação, que enfrenta uma dura greve desde o dia 24 de abril contra o governo Ana Júlia (PT), a coordenadora geral do Sindicato dos Servidores da UFPA, Ângela Azevedo, e o trabalhador da companhia de saneamento do estado, Garotinho.

O seminário revigorou a disposição de luta de todos os presentes. Os operários paraenses estão cansados de arcar só com a parte ruim do crescimento econômico. Querem também um crescimento real de seus salários e não o medíocre reajuste pelo INPC. Por que os deputados, ministros e demais governantes podem fazer farra gastando rios de dinheiro dos cartões corporativos? Enquanto isso, é considerado absurdo um servente de obra que ganha R$ 415 por mês lutar por qualquer índice além de 8% ou 9% de reajuste.

O seminário terminou num grande clima de confraternização e com todos os presentes cantando: “nós viemos pra lutar / nós viemos pra lutar / somos da construção civil / e estamos unidos em todo o Pará”.