Na manhã do dia 3 de fevereiro, com a presença de 2 mil pessoas, foi realizada a primeira sessão do Seminário sobre Socialismo, organizado pela Via Campesina e pelo MST. Projetado para durar dois dias, a iniciativa, que é apoiada pela esquerda socialista brasileira e latino-americana, tem o objetivo de estabelecer dentro do Fórum Social Mundial o debate sobre socialismo, que está ausente das Conferências Oficiais.

Os debatedores da primeira sessão foram Zhou Shitsu, representante do governo chinês, Fernando Heredia, representante do governo cubano e o intelectual marxista francês François Chesnais. Os coordenadores do debate foram Valério Arcary, professor e militante socialista do PSTU e Wladimir Pomar, dirigente petista que foi coordenador político da campanha de Lula em 1989.

Chamou a atenção (e acabou sendo um aspecto negativo do debate) a intervenção do representante do governo chinês que defendeu (sem muitos argumentos e dados) que os últimos 20 anos de crescimento da China demonstram que o “socialismo com características chinesas” ou “socialismo de marcado” é um modelo vitorioso. Zhou Shitsu não se deu ao trabalho de explicar a entrada maciça de capital estrangeiro e de grandes empresas multinacionais nesse período, nem as condições de trabalho dos trabalhadores chineses (uma das mãos-de-obra mais baratas do planeta) e muito menos fez qualquer referência ao massacre da praça da Paz Celestial, em 1989. Na ocasião, havia um movimento de massas que protestava contra a ditadura burocrática do país e no desfecho do processo pelo menos 4 mil estudantes foram assassinados por tropas do Exército chinês.

O “modelo” chinês foi criticado por François Chesnais, Valério Arcary e alguns oradores da platéia. Já o dirigente cubano defendeu que a revolução em Cuba teve caráter socialista e que ela não se perdeu mesmo com o bloqueio econômico dos EUA e as concessões que o governo de Fidel Castro fez ao capital estrangeiro. O que também desperta polêmica.

Chesnais fez a proposta de que ao final do Seminário sobre Socialismo fosse redigida uma declaração comum contra o imperialismo, a Alca e em solidariedade a Cuba e aos trabalhadores e o povo argentino.
O internacionalismo socialista e a necessidade de se buscar a expansão da revolução para além das fronteiras nacionais, como única forma de se derrotar definitivamente o sistema capitalista, foram assuntos também destacados em várias intervenções como a do dirigente socialista Valério Arcary.

Ao final, o debate foi considerado bastante positivo pela maioria dos presentes por recolocar a questão do socialismo e de revolução no 2 Fórum Social Mundial.