No dia 25 de novembro, dirigentes sindicais de vários países se encontraram na cidade boliviana de Huanuni para o Seminário Internacional Mineiro. Na pauta do encontro, os desafios enfrentados pelos mineiros num cenário de crise econômica. Foi a primeira iniciativa internacional dos trabalhadores para combater a crise. O Opinião Socialista conversou com Dirceu Travesso, que representou a Conlutas no Seminário.

Opinião – Como surgiu a idéia de realizar esse encontro?
Dirceu Travesso – O Seminário começou a ser pensado a partir do Elac. Havia lá mineiros do Peru, da Bolívia e daqui do Brasil. Essa idéia do encontro era algo que já queríamos fazer. E agora, com o desenvolvimento da crise, discutimos com esse pessoal e fomos pra lá. Foi o Rony Cueto, dirigente mineiro de Marcona, Júlio Freitas, diretor do Sindicato de mineiros de Ouro Preto, da mina de Mariana da Vale, eu pela Conlutas e o pessoal da Bolívia. Estavam a Federação de Mineiros, o Sindicato de Huanuni, uma mina que têm mais de cinco mil trabalhadores, representando a COB. O seminário foi realizado no auditório de uma rádio que eles mantém lá. Participaram cerca de cem pessoas.

O que foi discutido no seminário?
Travesso – O tema do encontro foi a crise econômica internacional e a atividade dos mineiros, a mineraria, como eles chamam. E a saída pra isso. Essa foi a dinâmica do encontro.

O que foi deliberado?
Travesso – A necessidade de uma campanha internacional ante os problemas da mineraria, que agora só vão se aprofundar com a crise econômica, por causa da queda dos preços das commodites, a o problema dos investimentos… E que na verdade se combinam com dois problemas históricos enfrentados pelos mineiros. Uma é a discussão sobre a soberania nacional, a retomada do controle dos minérios, das reservas naturais de cada país, que é a estatização sem indenização. E agora, com a crise, tem o problema do desemprego. Inclusive lá na Bolívia já têm minas fechando e gente sendo demitida. E ante isso, a reivindicação é a mesma, que é a estatização dos recursos naturais e das minas. Selamos um acordo de solidariedade internacional entres os mineiros presentes da Bolívia, do Peru e dos sindicatos de mineiros dirigidos pela Conlutas aqui no Brasil. Fizemos um manifesto pra ordenar uma campanha, um chamado aos trabalhadores da América Latina pra construir a unidade na luta e a resistência internacional, que é a única forma de resistir ao ataque ao Imperialismo e como eles vão querer que os trabalhadores paguem pela crise.

Qual atividade foi definida?
Vamos fazer atividade de lançamento em La Paz, com a Federação de mineiros e o sindicato de Huanuni e aqui pelo pessoal dos nossos sindicatos da Vale em Minas.

Vai ser um dia de luta de lançamento do manifesto, colocando a idéia de que, pra enfrentar a crise só com mobilização, estatização sem indenização na medida em que esses caras já arrancaram tudo o que podiam, então não tem nenhum sentido pagar alguma coisa. Retomar o controle dos recursos naturais e exigir do governo garantia do emprego para os trabalhadores. Fazendo também um chamado ao restante da América Latina de que para enfrentar a crise temos que nos unir em torno a essa política.

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