No último sábado, dia 16, militantes e simpatizantes do PSTU se reuniram para debater o programa da Frente de Esquerda, composta, na capital paulista, também pelo PSOL.

Pela manhã, aconteceram os debates nos grupos, onde os problemas como saúde, educação, moradia, transporte e opressão puderam ser discutidos.

Na parte da tarde, foi a vez do debate entre José Maria de Almeida, presidente nacional do PSTU, Ivan Valente, membro da direção nacional do PSOL e candidato à prefeitura pela Frente, e Dirceu Travesso, candidato do PSTU para a Câmara Municipal. O tema debatido foi “O poder e a Classe trabalhadora”.

Zé Maria começou falando sobre a crise econômica que está se aproximando. Segundo ele, até mesmo os economistas da burguesia já assumem os sinais da recessão. “Não se tem certeza sobre a intensidade, extensão e duração da crise”, afirmou.

Diante desse quadro, o dirigente considera importante discutir com os trabalhadores que alternativas existem. Para Zé Maria, embora nas eleições se debatam soluções para os problemas dos trabalhadores, por dentro delas verdadeiras mudanças são impossíveis.

Citando Lênin, Zé Maria afirmou: “qualquer medida que não tenha como centro o poder é ilusão”. Portanto, segundo ele, não será por meio das eleições que os trabalhadores tomarão o poder. “Os processos eleitorais são um espaço para se lutar pela consciência dos trabalhadores e da juventude”, disse.

Para concretizar a luta pela consciência, Zé Maria considera importante debater as questões do cotidiano e, além disso, debater o que deve ser feito. “Vamos trazer a campanha eleitoral para as lutas do dia-a-dia como as greves e mobilizações”, enfatizou.

Zé Maria disse querer eleger Dirceu Travesso e Ivan Valente, mas sem a ilusão de que os problemas da classe trabalhadora estarão resolvidos. “Eleger um prefeito e um vereador pode ser um ponto de apoio para a construção da consciência, da organização e da mobilização dos trabalhadores”, disse.

Em sua conclusão Zé Maria afirmou: “Nas eleições e na luta pretendemos fortalecer a construção das transformações que a sociedade precisa”.

Para o candidato à prefeitura, Ivan Valente, o debate programático da Frente é importante e afirmou que existe uma tradição entre as correntes políticas, que andam juntas há muito tempo.

Ele lembrou que já houve unidade e divergências entre elas, mas ressaltou a importância da unidade estratégica de se lutar contra o Neoliberalismo. “Estamos em uma situação de resistência, por isso a Frente de Esquerda é importante”.

Ivan Valente considera que a campanha da Frente na Capital vai criar uma alternativa para a cidade, por isso a burguesia quer afastá-lo dos programas e debates. “A rede Globo nos chamou para assinar um acordo nos excluindo do debate”, denunciou.

Segundo o candidato, as eleições não resolvem à vida dos trabalhadores, mas é neste momento em que a classe se abre para fazer suas opções políticas. Para ele será uma campanha difícil, pois as propostas da Frente são para os trabalhadores, no entanto, não são assistencialistas. “Temos de remar contra a corrente”, afirmou.

A campanha, para Ivan, pode elevar o nível de consciência dos trabalhadores, mas a Frente têm propostas concretas para educação, transporte, moradia e saúde: “não é preciso ser socialista para dizer que tem que existir o SUS, tem que existir o Estado, tem que se universalizar os direitos (…) vamos inverter as prioridades”.

Ivan também afirmou que governar é fazer escolhas e que a eleição de um parlamentar, quando está a serviço da luta, é muito útil. “É importante eleger o Didi, ele é uma referência para a população”, disse.

Ao final, Ivan ressaltou que o pré-programa elaborado pelo Psol não está fechado e que existem muitas convergências entre os partidos. Em sua conclusão, ele convocou os militantes do PSTU a fazer uma campanha para chacoalhar a cidade e avançar rumo a um projeto justo, igualitário e socialista.

Em sua fala, Dirceu Travesso enfatizou a nacionalização do debate político e lembrou, por exemplo, que a alta dos preços dos alimentos não é um problema municipal.

Dirceu vê muita dificuldade na disputa eleitoral, pois, segundo ele, esse é um campo inimigo. Contundo, ele afirma que não se pode fugir da batalha. “Da mesma forma que não fugimos de uma greve ou de um piquete, não vamos fugir das eleições”, afirmou.

Para Dirceu, vivemos em um longo período de estagnação e poucos militantes ficaram com a bandeira do socialismo na mão. “Mas isso começa a mudar, não é algo muito grande, mas as coisas estão mudando, os trabalhadores não agüentam mais tanta exploração”, disse.

“Por isso, o PSTU construiu a Frente de Esquerda em São Paulo, onde não estamos juntos foi porque houve um erro por parte dos companheiros (PSOL) que romperam com a barreira de classe”, explicou.

O candidato considera que por trás de cada tema relevante para a cidade exista um debate de classe a ser feito. “Não concebemos que uma pessoa tenha helicóptero para cuidar de uma dor de barriga, enquanto a maioria da população demora três meses para conseguir uma consulta”, enfatizou.

Dirceu disse que as candidaturas da Frente estão ao serviço da luta dos trabalhadores, pois ali há uma forma de organização que se pretende construir. Ele ainda disse, depois de anos de militância, saber a falta que faz um parlamentar.

Segundo Dirceu, cada voto no projeto da Frente fortalece uma outra forma de sociedade: “O PSTU quer ter vereadores, mas para ele ser um tribuno de nossas lutas e estimular a organização da Classe”.

Ao final, ele afirmou que as eleições são um momento importante e que é preciso estar colado ao movimento social e às lutas dos trabalhadores. “Queremos disputar cada voto, esse é o nosso desafio”, concluiu.