Evento também marcou a solidariedade à causa palestinaUm dia após o encontro de presidentes latino-americanos no Fórum Social Mundial, a Liga Internacional dos Trabalhadores realizava o seminário “A crise econômica mundial e a reconstrução da IV Internacional”. Cerca de 300 pessoas lotavam o auditório do Clube Monte Líbano para o evento que reuniu dirigentes do PSTU, do MAS da Costa Rica e o PRT, partido da liga na Espanha. A organização haitiana Batay Ouvrye foi convidada e fez uma saudação no início do debate.

“Nós do PSTU estamos orgulhosos de termos contribuído decisivamente para a realização da atividade conjunta entre Conlutas, Intersindical e outros setores e, ao mesmo, não termos nada a ver com a reunião presidencial”, afirmou Eduardo Almeida, dirigente do partido brasileiro. Eduardo apresentou um relato sobre o desenvolvimento da crise econômica, sob uma perspectiva marxista, caracterizando-a como uma “crise clássica de superprodução”.

“Nossa proposta para a crise é muito simples: de que simplesmente não haja mais crise”, afirmou. “Para que crise se ela não é um fenômeno da natureza?”, continuou Almeida, segundo o qual a única forma de acabar com as crises do capitalismo é através de uma revolução. Como exemplo, ele citou a União Soviética que, mesmo burocratizada sob um governo estalinista, foi o único país que escapou da crise de 1929.

Ao mesmo tempo em que apontava a perspectiva revolucionária para a crise econômica, Eduardo comentou também a falência do discurso reformista. “O Fórum Social Mundial existe há oito anos, e nenhuma medida discutido foi implementada, mesmo seus setores organizadores sendo agora governos”, disse. “Isso porque a reforma do capitalismo que defendem é uma utopia reacionária”, explicou. “Não somos utópicos, somos realistas, a única solução é através de uma revolução socialista”.

Revolução essa que necessita de um partido para dirigí-la. Eduardo fez um convite aos militantes revolucionários que integram hoje o PSOL. “Que um reformista que tenha como única perspectiva as eleições entre para o PSOL, eu entendo, eles têm o direito de se organizar; mas um revolucionário integrar esse partido é uma contradição, pois o objetivo dele é eleitoral”.

Edu, como é conhecido, terminou sua fala citando o discurso de Trotsky para a fundação da IV Internacional, em 1938. “Sim, nosso partido nos toma por inteiro. Mas, em compensação, nos dá a maior das felicidades, a consciência de participar da construção de um futuro melhor, de levar sobre nossas costas uma partícula do destino da humanidade e de não viver em vão”.

Importância da Internacional
Cristina Barbosa, dirigente costa-riquenha do MAS, fez um breve relato da história do partido no país. A organização surgiu em meio aos multitudinários protestos que balançou o país contra o TLC, versão centro-americana da Alca. Cristina é dirigente da Federação de Estudantes no país. Mesmo sendo integrado majoritariamente por estudantes, o partido tem a consciência de que são os trabalhadores que têm a capacidade de levar adiante uma revolução.

Acima de tudo, Cristina apontou a necessidade de uma Internacional para a construção do partido revolucionário. “Existe hoje na Costa Rica cinco partidos trotsquistas, sendo o MAS o mais importante, pois é o único que está ligado, desde seu surgimento, a uma internacional, a LIT, o que nos fortalece”, explica a estudante.

Causa Palestina
Já José Moreno, dirigente do PRT da Espanha, dedicou seu tempo à causa palestina. Moreno traçou o histórico de agressões do Estado de Israel ao povo palestino, classificando o país judeu como um “enclave imperialista”, ou seja, parte do imperialismo na região. Indo contra o que defende grande parte da esquerda, o dirigente pregou o fim do Estado de Israel, cujo único objetivo é oprimir o povo palestino.

Moreno finalizou com um chamado à luta. “No mundo todo houve mobilizações muito grande contra o genocídio, mas agora, que aparentemente ele cessou, acabaram esses protestos, aqui mesmo no Fórum estava marcada uma marcha contra a agressão”, protestou. “O genocídio não terminou e o cerco continua, precisamos continuar as mobilizações”, disse, expressando a posição da LIT.

Ao final, o presidente do Clube Monte Líbano e o principal dirigente da comunidade árabe no estado, Abi Nabu Kram, agradeceram o apoio ao povo palestino. “Estou supreso com o conhecimento que vocês têm da história da região e posso dizer que é isso mesmo, quando eu era garoto, antes de Israel, comíamos na mesma mesa com os judeus, convíviamos em paz, mas depois da fundação desse Estado, tudo mudou”, relatou Abi.

“Contra a chacina cruel, somos pelo fim do Estado de Israel”, responderam em uníssono os ativistas.