Encontro da Conlutas, em Recife, faz avançar a organização da entidade
Walmir Arcanjo

No dia 20 de janeiro, a Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas, realizou seu III Encontro Estadual no Recife, Pernambuco. Demonstrando uma enorme disposição para lutar, cerca de 80 trabalhadores, jovens e ativistas dos movimentos social e popular se reuniram para discutir a atual conjuntura política, a luta contra as reformas neoliberais do governo Lula e, principalmente, para organizar a Conlutas no Estado.

Participaram do evento representantes de sindicatos dos servidores de escolas técnicas federais (Sinasefe), dos servidores da Universidade Federal Rural (Sintufepe Rural), dos docentes da Universidade Federal (Adufepe), dos professores municipais (Simpere), dos trabalhadores dos Correios (Sintect) e dos funcionários de entidades sindicais (Sintespe). Também estiveram presentes membros da minoria na direção do Sindquímica, do Sintufepe (servidores da Universidade Federal de Pernambuco) e oposições de categorias importantes, como servidores municipais de Camaragibe, trabalhadores da saúde, metroviários, metalúrgicos e professores estaduais. Trabalhadores de outras categorias profissionais, como comerciários e bancários, também compareceram.

O encontro reuniu, ainda, dirigentes da Associação de Moradores do Conjunto Residencial Antonio Maria e da Associação dos Catadores de Lixo de Paulista. O potencial de expansão da Coordenação se expressou na participação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Cortês, cidade localizada na Mata Sul de Pernambuco.

Derrotar as reformas: uma tarefa vital
para os trabalhadores

Leôncio Tenório, do Instituto Latino Americano de Estudos Sócio-Econômicos (Ilaese) abriu o encontro com o painel sobre conjuntura. Utilizando-se de vasto material da imprensa e dados referentes à situação social no Brasil, Leôncio explicou como as reformas neoliberais de Lula – Previdenciária, Universitária, Trabalhista e Sindical – foram concebidas com o objetivo explícito de “recolonizar” o país, colocando-o no mesmo nível que países como o Vietnã e a China que, hoje, servem como fornecedores de mão-de-obra superexplorada para alimentar o mercado e a ganância por lucros do imperialismo.

Leôncio encerrou sua explanação destacando a importância do debate e, particularmente, o papel histórico que a Conlutas pode cumprir neste processo. Para ele, “a Conlutas foi concebida e está sendo construída como uma entidade que visa organizar todos os setores da classe trabalhadora, desde aqueles que ainda estão nos locais de trabalho até aqueles que foram jogados no subemprego e no desemprego, dando destaque às questões específicas de setores como mulheres, negros, homossexuais, sem-teto e sem-terra, e, por isso, pode e deve cumprir um papel fundamental na denúncia e no combate aos planos de Lula, ditados pelo Banco Mundial e pelo imperialismo”.

Após a apresentação, os participantes dividiram-se em grupos que discutiram os principais temas em debate, buscando uma aproximação da realidade e de suas categorias para melhor organizar a luta para derrubar as reformas.

Grupos de trabalho discutem estruturação da Conlutas
Na segunda parte do encontro, Wilson H. da Silva, membro da Coordenação Nacional do Grupo de Trabalho de Negros e Negras da Conlutas, apresentou um quadro sobre a organização dos GTs da Conlutas. Ele falou, ainda, sobre como os recifenses podem avançar na estruturação da entidade na capital pernambucana. Wilson destacou o papel histórico da Conlutas no processo de reorganização dos movimentos sociais no Brasil, principalmente diante da traição das direções tradicionais do movimento, majoritariamente identificadas com o governo do PT.

Sobre a necessidade de avançar na estruturação da Conlutas nas regionais, Wilson destacou que, “já foi dado um importante e ousado passo, que foi oferecer aos trabalhadores, à juventude e a todos os demais setores oprimidos e explorados deste país um novo instrumento de luta e, agora, é preciso criar estruturas em todas as regionais para que possamos aproximar ainda mais a Conlutas de todos aqueles que estão dispostos a lutar contra Lula e contra o sistema capitalista”.

Com base na palestra de Wilson, os participantes discutiram a implementação e o desenvolvimento dos Grupos de Trabalho da entidade. Foram montados cinco GTs: Sindical, Movimento Popular, Mulheres e GLBT (homossexuais), Negros e Negras e Juventude.

Apesar dos diferentes níveis atuais de organização dos GTs, cada um dos grupos apresentou propostas e um calendário de funcionamento. Dentre as várias resoluções e encaminhamentos, foram discutidas políticas de formação – cursos, palestras, etc. – e estruturação para os diferentes Grupos, prioridades na atuação de cada um deles e participação em atividades diversas.

Foi apresentada a proposta de instalação, até março de 2007, de uma sede local da Conlutas, a publicação de um jornal mensal, de boletins específicos e periódicos de cada GT e um calendário semanal de reuniões para a Coordenação da entidade em Recife.

Os participantes ressaltaram a importância de unir, permanentemente, o debate político à prática cotidiana. Nesse sentido, o encontro já aprovou a participação da Conlutas numa mobilização organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) da cidade de Paulista contra a tentativa de desapropriação de uma área ocupada por trabalhadores, que ocorre no próximo dia 24, quarta-feira.