Quando no final da manhã do dia 6 de julho, a reportagem da TV Globo foi entrevistar José Maria de Almeida, encontrou-o participando de uma animada mesa-redonda, onde se discutia um programa para uma candidatura socialista. Zé Maria coordenava o seminário “Esquerda pra Valer: Construindo um Programa para uma Candidatura Socialista”, organizado pelo Instituto José Luís e Rosa Sundermann.

O Seminário, realizado nos dias 6 e 7 de julho em São Paulo, tinha como objetivo discutir as questões programáticas fundamentais das próximas eleições presidenciais, com uma perspectiva socialista.

Organizados em mesas redondas pela manhã e grupos de trabalho à tarde, mais de 120 companheiros discutiram as propostas que a candidatura de Zé Maria apresentará nas eleições. Eram trabalhadores, estudantes, sindicalistas, militantes de movimentos sociais, artistas e intelectuais que participaram ativamente dos debates.

O presidente do Sindicato dos Advogados de São Paulo Ricardo Gebrim, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e os professores da Unicamp, Plínio de Arruda Sampaio Jr., João Quartim de Moraes e Edmundo Fernandes Dias participaram das mesas redondas juntamente com Valério Arcary e Eduardo Almeida Neto, membros da direção nacional do PSTU.

Nos grupos de trabalho, foram a vez de Waldemar Rossi, da Pastoral Operária, a professora Iná Camargo Costa, da Universidade de São Paulo, os professores Marcos Del Roio, Luís Fernando da Silva e Giovanni Alves, da Universidade Estadual Paulista e Ruy Braga, da PUC Campinas, o presidente da Parada do Orgulho GLTB de São Paulo, Nelson Matias e o diretor da Federação Nacional dos Advogados Aderson Bussinger arregaçarem as mangas e discutirem, juntamente com outros companheiros, as propostas socialistas para as próximas eleições.

“Nosso programa está em construção. E é assim que deve ser”, afirmou o candidato presidencial do PSTU. “Queremos ouvir o que os movimentos sociais e os intelectuais têm a nos dizer. Recolher opiniões e sugestões; debater nosso programa”.

Reorganização em debate

Ao longo dos debates, ganhou força a idéia de uma reorganização política da esquerda. “Da esquerda partidária e, também, da esquerda social”, destacou Ricardo Gebrim. “O que precisamos fazer é uma convergência socialista”, brincou Waldemar Rossi. Figura histórica do movimento metalúrgico de São Paulo, Rossi detalhou durante o Seminário, uma proposta para combater o desemprego. Petista da primeira hora, Rossi está indignado com a aliança PT-PL, que ele considera uma “aberração histórica”: “De quebra, temos a aliança com um traidor da classe operária, o deputado Medeiros da famigerada Força Sindical, um corrupto e apoiador de Maluf a governador de São Paulo”, afirmou.

Uma semana após o seminário, Rossi voltou à carga contra a aliança novamente, desta vez no jornal Correio da Cidadania (13/7/2002): “Como era de se esperar, o resultado dessa manobra está sendo desastroso, provocando fortes estragos no partido, como a renúncia da senadora Heloisa Helena à candidatura ao governo de Alagoas (em cujo gesto foi acompanhada pelos candidatos a deputado), e a ruptura com o PL em Minas Gerais. Lula pode até ganhar as eleições. Isso, porém, não impedirá o racha, as desfiliações no partido e o desmantelamento da sua já precária unidade política”
Post author Marco Antônio Ribeiro, da redação
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