Dando continuidade à jornada de luta por reforma agrária, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou, neste dia 17 de abril, terça-feira, uma nova onda de manifestações em todo o país. As mobilizações ocorreram em 20 estados e contaram com ocupação de terras e de pedágios, atos públicos e passeatas.

O dia 17 de abril é especial como dia de luta para o movimento, pois se completam 11 anos do massacre de Eldorado dos Carajás . Nenhum responsável pelas 19 mortes ocorridas no Pará foi punido até hoje. Além disso, os protestos visam cobrar uma verdadeira reforma agrária e o fim dos latifúndios, exigindo do governo, entre outras medidas, a atualização dos índices de produtividade da terra. Tal índice é o que determina se uma propriedade é considerada produtiva ou não. O atual índice definido pelo IBGE é do ano de 1975.

MST ataca política neoliberal de Lula
O governo Lula, ao mesmo tempo em que aplica uma política de privilegiar fazendeiros e latifundiários, nega-se a fazer reforma agrária. “O governo não cumpriu a própria proposta do Plano Nacional de Reforma Agrária e, agora, não quer determinar mais metas de assentamentos. A realidade é que o governo deu prioridade para o modelo agroexportador, baseado na produção de monocultura em latifúndios para a exportação de soja, algodão e eucalipto para sustentar a polícia econômica neoliberal”, denuncia ao Portal do PSTU José Batista de Oliveira, da direção nacional do MST.

Apesar do governo, através do Incra, anunciar um falso “recorde” no número de assentamentos, a verdade é que a reforma agrária não avançou em seu governo. “A maior parte dos assentamentos foi em terras públicas, regularização fundiária e na região da Amazônia Legal, sem estrutura para prosperar e distante dos principais mercados consumidores”, explica Batista.

As mobilizações não terminaram e devem prosseguir durante todo o mês de abril. Confira abaixo as principais manifestações desse dia 17 de Abril:

Alagoas: Três ocupações de terras improdutivas foram feitas, exigindo o assentamento de 3.000 famílias. No norte do Estado, 100 famílias ocuparam a Fazenda Lagoa Redonda, em Porto Calva. A usina de cana abandonada, conhecida como Sítio Camões, também foi ocupada por 130 famílias, no litoral sul de Alagoas. Em Joaquim Gomes , zona da mata, 150 famílias ocuparam a fazenda Mirim. Em União dos Palmares, 900 ativistas de luta pela terra fazem marcha.

Sergipe: Marcha com mais de três mil pede o fim da impunidade e o assentamento de 13 mil famílias acampadas no estado. Os manifestantes caminharam cinco quilômetros, saindo de Barra dos Coqueiros até a sede do Incra, em Aracaju. Por volta das 15h, haverá um ato político.

Pernambuco: 400 famílias, aproximadamente, ocuparam, durante a madrugada, o Engenho Cachoeira Dantas, no município de Água Preta, na Zona da Mata. Durante a manhã, o movimento ocupou terras pertencentes ao Engenho União, em Glória do Goitá, com cerca de 100 famílias. Também foram ocupados o Engenho Serro Azul Velho, em Palmares, e a Fazenda Caldeirão, em Custódia.

Bahia: Cerca de 5 mil sem-terras fizeram caminhada em Salvador durante a manhã, com fim no Centro Administrativo da Bahia, onde os militantes estão acampados desde o dia 16.

Goiás: Ocupação de cerca de 6 hectares da fazenda Nossa Senhora de Guadalupe, em Jataí, por 84 famílias.

Rio de Janeiro: A rodovia Presidente Dutra foi bloqueada na altura de Piraí, por cerca de 50 militantes, segundo o Portal Terra.

São Paulo: A Fazenda São Luís, no município de Presidente Bernardes, foi ocupada por trabalhadores que cortaram plantações de cana-de-açúcar e fizeram uma barricada na entrada da propriedade. Em Teodoro Sampaio , Rosana e Primavera, os trabalhadores ocuparam as sedes do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Paraná: 3 mil ocupam 25 dos 27 postos de pedágio das estradas paranaenses desde a manhã de hoje. Os motoristas que passaram pelos locais ocupados não tiveram de pagar pedágio.

Santa Catarina: 500 famílias ocuparam uma fazenda de 200 hectares de terras públicas em Irineópolis. No domingo, os militantes também ocuparam áreas improdutivas ou arrendadas para o agronegócio pertencentes ao exército, em Papanduva.

Rio Grande do Sul: 24 mil ativistas do MST bloqueiam pelo menos oito rodovias. Estão acontecendo marchas nas cidades de Coqueiros do Sul e São Gabriel.